Novas administrações estão se iniciando nas prefeituras. Apesar do momento difícil pelo qual o país passa, um certo otimismo toma conta da população, sempre esperançosa em novas realizações. No entanto, as notícias na área econômica não são nada auspiciosas, com a crise aguda e paralisante assolando o país. Dificuldades extremas são previstas nos próximos anos, com queda generalizada nas arrecadações de impostos e desemprego em alta.
Programas sociais do governo federal, que injetam bilhões de reais no mercado, começam a dar sinais de dificuldades. Os investimentos necessários para alavancar o crescimento econômico estão cada vez mais escassos, enquanto as necessidades aumentam.
Estradas em péssimo estado de conservação, sendo este o nosso principal meio de transporte e que impacta diretamente no custo de produção dos alimentos, vão ficando cada vez piores. Os transportes urbanos, insuficientes e problemáticos nas grandes e médias cidades, são motivos de reclamações constantes dos usuários.
Enquanto a economia espera ações que busquem recuperar o crescimento, políticos em Brasília legislam em causa própria, tentando aprovar mecanismos que os isentam de crimes cometidos durante as campanhas eleitorais e no decorrer dos mandatos.
Nove estados da federação, a exemplo de Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, já se mostram incapazes de cumprir seus compromissos mínimos. Inclusive nosso querido Estado das Minas Gerais. Em decorrência disso, o próximo capítulo dessa triste novela é a falência de muitos municípios. Enfim, o horizonte que se vislumbra, na política e na economia, não é nada animador.
São muitos e velhos problemas a desafiar a capacidade administrativa dos prefeitos. Só para ficar na área ambiental, que está incluída nos contextos de saúde pública, questões importantíssimas e cruciais, como a correta destinação do lixo urbano e do tratamento dos esgotos, continuam sem solução na maioria dos municípios da região.
Reiterando, os assuntos ambientais, principalmente lixo e esgoto, são questões de saúde pública. E constantemente são relegados a terceiro plano pelas administrações municipais, simplesmente porque a população se mantém ignorante a respeito desses temas, abstendo-se de cobrar soluções práticas e definitivas.
E isso é extremamente conveniente para os governos, que se negam a discutir e buscar soluções para esses assuntos. Por isso, a cada quatro anos, sempre no início das novas administrações, estou aqui a denunciar os mesmos descasos de sempre.
Os mandatos passam e os problemas vão se perpetuando.O pior é que, a cada ano que passa, eles vão se agravando, dificultando as futuras soluções. Se é que algum dia elas acontecerão.
As ações de conscientização da população, por parte do poder público, não acontecem simplesmente porque isso pode despertar sua atenção para os os seus direitos básicos e elementares. E assim, a única certeza que temos é que mais quatro anos se passarão sem nenhuma ação concreta na área ambiental. E sempre restará muito por fazer.
E agora temos os complicadores relacionados à situação econômica. Sabe-se que na adversidade é que são conhecidos os bons administradores. Administrar com dinheiro em caixa é fácil. O contrário, tal qual se apresenta no momento, é que é desafiador.
Portanto, dentro desses originais conceitos de desafios e oportunidades, inéditos na história recente do país, em breve conheceremos os bons administradores municipais da nova safra. Analisadas com atenção, as dificuldades podem, na verdade, funcionar como estimulantes para a criatividade e a produtividade, em tempos de pouca grana. Esperemos!
*José Nário é escritor, engenheiro florestal, especialista em Informática na Educação, Gestão Ambiental e Educação Inclusiva e autor dos livros “Lelezinho, o pintinho que ciscava pra frente e andava pra trás”, “Lelezinho vai à escola” e “Minha janela para o nascente”.