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Hoje em dia, a maior parte das pessoas tem consciência dos benefícios do aleitamento materno, visto que ele é o alimento considerado padrão ouro, ou seja, o melhor alimento para os bebês. A Organização Mundial de Saúde (OMS), assim como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam que o leite materno seja o alimento exclusivo do bebê até os seus seis meses de vida e que até os dois anos ou mais, seja o alimento complementar.

A amamentação salva a vida de muitas crianças e é gratuita, porém, faltam informações de qualidade, para que um número maior de mulheres, no mundo todo, consiga amamentar. O conflito de interesses relativo à grandes indústrias produtoras de leites artificiais e a grande difusão de propagandas desses produtos, atrapalha a experiência e a disseminação da cultura da amamentação, no mundo todo.

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Se pensarmos que até mesmo as bonecas infantis são vendidas com mamadeiras para as crianças brincarem, podemos perceber como a situação é grave.

Atualmente, a maior parte das mulheres encontra dificuldade para amamentar. Em geral, elas foram “desaprendendo” com a disseminação da “cultura da mamadeira” ao longo das últimas décadas e como cada vez menos mulheres amamentam, são poucas as referências para se inspirar e aprender a respeito do assunto, no dia-a-dia.

Por isso é fundamental que os familiares dessas mulheres, bem como os profissionais de saúde e a sociedade em geral, compreendam a importância do seu próprio papel, tanto no esclarecimento de mitos e comprometimento na disseminação de informações corretas e atualizadas sobre o aleitamento, como no apoio e respeito às mães que amamentam, em qualquer lugar ou situação.

Mas apesar de todos os esforços dos órgãos competentes para ressaltar a importância da amamentação, ainda percebemos muita desinformação e até mesmo, PRECONCEITO em relação ao ato de amamentar.

As mulheres que dão a luz a seus bebês, se deparam com muitas informações desencontradas acerca do aleitamento, às vezes fornecidas até mesmo por profissionais da área da saúde.

Os familiares e amigos, dão muitos palpites equivocados e algumas pessoas condenam as mães que amamentam seus bebês em locais públicos.

Olhares tortos e comentários desagradáveis, infelizmente costumam fazer parte da rotina das mães de bebês que amamentam seus filhos quando eles solicitam, principalmente quando isso acontece em um local público.

Da mesma forma que nós, adultos, sentimos fome em horários variados e muitas vezes, paramos no meio da tarde para comer uma coxinha, um sanduíche, etc…os bebês também sentem fome em horários aleatórios, mesmo que tenham sido alimentados ou amamentados anteriormente. Em alguns dias, nós almoçamos bem e mesmo assim, sentimos fome no meio da tarde, não é? Pois com os bebês acontece o mesmo! A diferença, é que o estômago dos bebês é bem menor que o dos adultos, e eles costumam sentir fome com uma frequência maior, sobretudo quando estão em aleitamento materno exclusivo (antes dos seis meses de idade).

Vale lembrar que o leite materno não é apenas alimento, mas responsável pela hidratação dos bebês. Antes dos seis meses de idade, os bebês não devem beber água, chás, sucos…nada disso. A única forma de saciar a sede do bebê, é através do leite materno. Nós sentimos sede a toda hora e bebemos água normalmente, independente do local, certo? Já os bebês, precisam mamar para saciar a sede. Então, nada mais justo e correto do que eles mamarem a qualquer hora e em qualquer lugar.

É preciso acabar com o preconceito acerca da amamentação, porque o leite materno é o alimento mais completo para todos os bebês e amamentação não é pornografia! Uma mãe que amamenta seu bebê na rua, não está praticando atentado ao pudor. Ela não está “tirando o seio para fora” com conotações sexuais. Infelizmente, a objetificação do corpo feminino, transformou o seio em objeto sexual, símbolo de desejo. Mas quando uma mãe está amamentando, ela não está utilizando essa simbologia para atrair a atenção de alguém.

E convenhamos, uma mãe amamentando, na maior parte das vezes, fica apenas com uma pequena parte do seio aparecendo, muito menor do que vemos quando uma mulher usa um biquíni, por exemplo. É tão absurdo que, durante o carnaval, a exposição dos corpos femininos, e muitas vezes, do próprio seio desnudo das mulheres, não causa tamanha comoção e revolta. Isso porque a maior parte das pessoas já está acostumada a ver os corpos expostos durante esse evento nacional. É cultural.

Então, por que não investirmos na CULTURA DA AMAMENTAÇÃO? Alimentar um bebê, atendendo as suas necessidades, é exatamente o que uma mãe deve fazer quando vê o seu bebê chorando de fome ou sede. Não devemos condenar esse ato, e sim, apoiar!

E para quem acha que a mãe deve colocar um paninho na cabeça do bebê, vale ressaltar que isso não é legal para o bebê. Amamentar é um exercício. Os bebês até suam quando estão mamando. Ninguém gosta de comer com um pano na cara, né? Os bebês também não. Eles sentem muito calor e não se sentem confortáveis.

Em Poços de Caldas, amamentar em público é um direito protegido por lei. Em 2015, a câmara dos vereadores discutiu e aprovou por unanimidade, a lei 9074, que protege o direito das mães amamentarem e dos bebês serem amamentados, seja em um estabelecimento público ou comercial de acesso público.

Da mesma forma, diversos outros municípios e estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, etc…) já aprovaram a lei que protege o direito das mães e bebês amamentarem em público. Os municípios que ainda não discutiram e implantaram essa lei, não proíbem o ato de amamentar, e de acordo com os princípios da legalidade, como não existem leis recriminando a amamentação em público, ela pode ser praticada em qualquer lugar do território nacional.

As leis que já foram aprovadas, inclusive, demonstram uma tendência jurídica a respeito do assunto. Ou seja, no Brasil, amamentar em público não é crime. E quem incomodar uma mãe amamentando, pode ser punido por isso, através das leis existentes. Na nossa cidade, esse ano, houve uma exposição de fotos organizada pelo grupo de apoio ao parto e ao aleitamento “Círculo Materno”, em parceria com a fotógrafa Jennifer Bueno, que teve o intuito de quebrar o preconceito acerca do aleitamento em público. Diversas mães foram fotografadas amamentando em locais públicos conhecidos da cidade (inclusive, eu!).

Foto: Jennyfer Bueno

A exposição aconteceu no centro da cidade, através de uma parceria com diversos estabelecimentos comerciais, que colocaram as fotos em suas vitrines e depois, as fotos também foram expostas na câmara dos vereadores.

Há cinco anos, o grupo “Círculo materno” também promove o “mamaço”, que reúne mães no mês de agosto, mês escolhido para atrair atenção para os benefícios do aleitamento (“agosto dourado”), para amamentarem juntas em algum local de grande circulação de Poços, visando atrair atenção para a causa.

Então, fica a dica: quando você se deparar com uma mãe amamentando, apoie o ato. Se você se sente constrangido, simplesmente desvie o olhar. Mas pense naquele bebê e na fome/sede que ele está sentindo e siga seu caminho…aquela mãe amamentando, está fazendo o melhor que ela pode, para cuidar de seu bebê.

*Bia Câmara é atriz, relações públicas, criadora do canal Minha Opinião Materna, uma das coordenadoras do Círculo Materno, diretora da Cia. BrinCanto, professora e diretora do curso de teatro musical da Vivace e mãe do Bento e do Antônio.