Paulo Pavesi virou notícia na última semana ao dormir na rua e exigir do governo brasileiro R$ 20 milhões. Ele culpa o país pelo suposto tráfico dos órgãos de seu filho, em abril de 2000, em Poços de Caldas. O protesto do pai fez com que a ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, usasse sua conta no Twitter para responder questionamentos.
O caso de Pavesi é acompanhado por nosso Ministério desde o ano passado. Ele foi recebido por nossa equipe no Consulado do Brasil em Londres. Todas as suas queixas foram ouvidas. Foi explicado sobre as limitações legais do Poder Executivo.
— Damares Alves (@DamaresAlves) October 2, 2020
Segundo a ministra, Pavesi não concordou com o que foi apresentado e quer que o governo forneça um meio de subsistência em Londres, mas não há previsão legal para isso.
O Sr. Paulo Pavesi não aceitou bem. Queria que o governo brasileiro lhe fornecesse um meio de subsistência em Londres. Mas não há previsão legal para que o Governo assim o faça. Não há decisão judicial que autorize. Ficamos de braços atados.
— Damares Alves (@DamaresAlves) October 2, 2020
Na última semana, Pavesi foi para a porta do Ministério, no Brasil. Ele dormiu na rua e gravou vídeos que foram publicados em seu canal no Youtube. O protesto começou no dia 29 de setembro e terminou no sábado (3).
Damares afirma que já convidou Pavesi a entrar, mas ele teria negado.
Também o convidamos a entrar no Ministério para recebê-lo. Ele afirmou que não queria ser recebido nem pela ministra, e que não sai dali até que o Estado Brasileiro deposite R$ 20 milhões em sua conta e quer anistia total de todas as ações sofridas por ele.
— Damares Alves (@DamaresAlves) October 2, 2020
O caso
O filho de Paulo Pavesi, Paulo Pavesi Veronesi, ou Paulinho, como ficou conhecido, morreu em 19 de abril de 2000, aos 10 anos, após sofrer uma queda no prédio onde morava, no bairro São Benedito, em Poços de Caldas. O menino sofreu traumatismo craniano e ferimentos na face. Ele foi socorrido por uma vizinha, que o levou ao Hospital Pedro Sanches.
Após autorizar a remoção dos órgãos, Paulo Pavesi passou a desconfiar de que os órgãos pudessem ter sido removidos de forma irregular, desencadeando uma onda de processos por tráfico de órgãos, levando inclusive ao fechamento do setor na cidade.
Segundo o Ministério Público (MP), inúmeras irregularidades cercaram o atendimento ao garoto, o que culminou em sua morte. Os médicos foram acusados de prestar o serviço de forma inadequada, para prejudicar a recuperação do paciente, de maneira que ele se tornasse um doador de órgãos.
O caso zero, como é chamado o processo de Paulinho, teve sua primeira sentença em 11 de março de 2015, com a condenação de médicos. Em 2016 o Tribunal de Justiça de Minas Gerais anulou a sentença de 1ª instância. A decisão foi aprovada pela maioria dos votos, já que os desembargadores Flávio Batista Leite e Karin Emmerich votaram a favor de novas análises para que os acusados respondessem especificamente pelo crime de homicídio doloso. Já o desembargador Edson Feital Leite não votou para que isso acontecesse.
Desde 2008, o pai do garoto estava morando na Europa, mais recentemente em Londres, mas decidiu retornar ao Brasil para cobrar providências.