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Brumadinho: primeiras impressões

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A partir de hoje, sexta-feira (1), o Poços Já mostra um pouco de como está a cidade de Brumadinho e o Córrego do Feijão depois do rompimento da barragem da Vale, que aconteceu há uma semana. Chegamos à cidade na quinta (31) e vamos contar aqui o que observamos desde então.

Somos João Araújo e Juliano Borges, ambos jornalistas e fundadores do Poços Já. Essa é nossa segunda expedição para a mesma área mineira. Em 2015, um mês após o rompimento da barragem em Mariana, fomos até os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, além de percorrer todo o curso do Rio Doce e mostrar como a lama afetava a vida de diversas comunidades (leia neste link). Após sair de Brumadinho, também vamos reencontrar algumas dessas pessoas e descobrir se receberam as indenizações, se hoje conseguiram retomar normalmente suas vidas, se conseguiram superar o trauma mais de três anos após a tragédia.

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Neste espaço vamos publicar reportagens, mas também contar como tem sido a experiência. Talvez esqueçamos nomes ou alguns detalhes, mas nos permitimos sair um pouco do rigor jornalístico habitual.

Voltando ao diário de viagem, fomos direto para a área em que está o centro de operações, sediado em uma faculdade local, a ASA. Os helicópteros partem de um campo esportivo próximo, ao lado da UPA, onde também fica o Espaço do Conhecimento, local em que estava ocorrendo um culto ecumênico durante a manhã, em homenagem às vítimas.

Assim que chegamos ao espaço da imprensa, encontramos colegas de grandes veículos nacionais. Estamos perdidos. À procura da equipe de policiais que saiu da base aérea de Poços, não conseguimos informações por ali. É impossível conseguir qualquer notícia na sede do comando e a imprensa fica à espera de uma entrevista coletiva que pode acontecer a qualquer momento.

Com ajuda da repórter do Poços Já Mariana Negrini, que continua em Poços, conseguimos a informação de que há dois helicópteros pilotados por policiais que vieram de lá. Um deles, o major Guilherme, ajuda soldados israelenses no último dia deles em Brumadinho. O outro, capitão Henrique, está auxiliando no resgate de corpos. Decidimos então ir até a área da tragédia, onde provavelmente teríamos mais resultado.

Juliano pergunta para os colegas de imprensa o caminho ideal. Melhor decisão. Todos ajudam com boa vontade e preocupação, para que cheguemos em segurança. A repórter da Globo chama o cinegrafista, William, que sabe explicar melhor. É ele que dá as instruções exatas.

O local da tragédia fica normalmente a 20 minutos dali, mas a estrada está bloqueada pela lama. Então, o caminho mais curto é passar por Ibirité, cidade vizinha, e por dentro do Parque Estadual do Rola Moça, em estradas de terra por onde jamais conseguiríamos transitar com nosso carro. Portanto, o melhor é ir pela rodovia mesmo, um pouco mais longe, mas com chegada garantida.

Quase chegando em Casa Branca, bairro rural de Brumadinho, passamos pelo Rola Moça. A estrada é alta e sinuosa, um pouco perigosa, mas com um visual que valoriza toda a beleza mineira. Quando ela termina, pegamos a estrada de terra, com cerca de oito quilômetros, que dá acesso ao Córrego do Feijão.

Assim que chegamos, somos surpreendidos pelo esquema montado pela Vale. O primeiro ponto de apoio tem um escritório, montado em container, para fazer o registro das famílias que vão receber a verba inicial de R$ 100 mil. Pelo menos, essa é a promessa. O espaço ainda tem atendimento psicológico e oferece alimentação. Nesse momento, tinha suco de laranja de caixinha, água, café e cajuzinho, além de marmitas para quem quisesse.

Um pouco abaixo, chegamos à igreja e ao campo de futebol utilizados como ponto estratégico para os trabalhos dos órgãos de segurança. Com sorte, entramos no campo de futebol que funciona como heliporto e encontramos a equipe poços-caldense (a imprensa é proibida de ficar ali). Depois da entrevista, vamos até a área da imprensa.

O espaço é pequeno e, assim que chegamos, somos orientados a não sair daquele cercadinho. Quem diz é também da imprensa e está no local desde o primeiro dia. O restante da área, inclusive a igreja, é ocupado por quem está trabalhando nas buscas, sejam militares ou voluntários, assim como equipes da área de saúde.

Ah, antes de mais nada, é importante dizer que está quente. Enquanto tomamos um guaraná oferecido pela Vale, percebemos que um caminhão descarrega flores. Na dúvida, pergunto para um policial militar o motivo daquilo e ele explica que o cemitério é ao lado. Vamos então na direção do cemitério e, enquanto descemos a rua, somos surpreendidos por uma camionete que para ao nosso lado. O passageiro pergunta: querem água? Dizemos que não, mas ele insiste. Então, aceitamos a água com gás. Ele, Rafael de Brito Teixeira, de 36 anos, explica que é pastor da Missão Evangélica do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), assim como o motorista, Márcio José, 39. Eles acabaram de chegar e não têm dia pra irem embora. Estão aqui para oferecer não somente água e biscoitos, mas também abraços e orientação espiritual.

Quando ameaça chover, no fim da tarde, decidimos encontrar um lugar para ficar. Juliano liga para um hostel em Casa Branca e vamos para lá. Como a estrada é de terra, precisamos correr.

Em resumo, o clima na cidade é de colaboração. Pelo menos por onde passamos, não havia uma grande comoção ou sensação fúnebre. As pessoas estão cansadas, sérias e focadas no trabalho, sejam os bombeiros, policiais, voluntários ou a imprensa. Mesmo assim, todos se ajudam. Nessas horas extremas, a solidariedade é uma forte e natural virtude.

*A cobertura do Poços Já em Brumadinho tem patrocínio das seguintes empresas: Centro Médico Oncológico (CMO), Construtora Horizonte, Embtech, Gatino Fitness,  Lab Tânia, Lavanderia Laundromat, Maní, New York Pub, Pizza na Roça, Poltrona 1 Turismo, PP Caponi, Pulsar, Sushi na Roça e Unifenas.



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