Você, mulher, pode me responder algumas perguntas?
Quantas vezes você já ficou com medo de passar por um homem sozinha na rua?
Quantas vezes você passou por um homem e sentiu estar sendo observada?
E quantas vezes esse homem já virou pra trás pra observar o seu corpo?
Um homem já assoviou para você na rua?
Você já foi assediada no seu trabalho?
Pois é, é mesmo assustadora a nossa realidade, porque esse tipo de comportamento é normal no nosso país.
Infelizmente, carregamos um histórico machista desde a colonização. No Brasil colônia, o marido tinha o direito de assassinar sua esposa caso o comportamento dela não fosse o esperado. O Código brasileiro já considerou mulheres casadas como incapazes. O direito de voto foi um escândalo na época, como disse Carlos Drummond de Andrade:
“Mietta Santiago
loura poeta bacharel
Conquista, por sentença de Juiz,
direito de votar e ser votada
para vereador, deputado, senador,
e até Presidente da República,
Mulher votando?
Mulher, quem sabe, Chefe da Nação?
O escândalo abafa a Mantiqueira,
faz tremerem os trilhos da Central
e acende no Bairro dos Funcionários,
melhor: na cidade inteira funcionária,
a suspeita de que Minas endoidece,
já endoideceu: o mundo acaba”
Isso parece absurdo, mas já aconteceu e ainda vemos no nosso cotidiano comportamentos machistas enraizados na nossa sociedade.
O país teve avanços significativos nas últimas décadas, mas ainda temos uma longa estrada a percorrer.
A mudança começa dentro de casa, desde a educação das crianças, até o empoderamento e independência financeira da mulher. A mulher começa a enxergar sinais sutis e exigir seus direitos e igualdade dentro de casa, com a sua família e na sociedade.
Esse acordar é necessário e transformador.
Para erradicar a violência no nosso país, tanto física como psicológica, que perpetua através das gerações, é preciso falar sobre isso, encarar a realidade e pedir respeito. Precisamos de mudança de comportamento e mentalidade não só dos homens, mas das próprias mulheres também.
Feminismo não é tirar a roupa na rua e parar de se depilar, feminismo é exigir respeito e igualdade.
*Aline Ambrogi é médica veterinária e fundadora da ONG Carol Sanches.