A luta de médicos especialistas e dentistas do SUS de Poços de Caldas, em relação à carga horária e correção salarial, chegou à Câmara dos vereadores. Nesta quarta-feira (22), profissionais, representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindserv) e vereadores se reuniram para debater o tema e buscar uma intermediação entre o Legislativo e o Executivo.
A reunião aconteceu após alguns especialistas da rede pública pedir demissão, insatisfeitos com o valor da hora de trabalho e a carga horária. De 87 médicos especialistas, sete já se demitiram nos últimos dois meses, visto que ainda não houve acordo com a administração municipal.
“Nós pedimos essa reunião com os vereadores para uma intermediação entre o legislativo e o Executivo, para resolver o problema dos médicos no município. Esperamos que os médicos tenham uma correção salarial, eles estão ganhando hoje R$30 a hora de trabalho. Isso para o especialista, como otorrino, cardiologista, pneumologista, é um salário muito defasado, dentre a própria categoria da rede. Então o que a gente pede é uma correção salarial, uma adequação na carga horária. Os médicos e dentistas estão sendo prejudicados, mas há um prejuízo maior para a população, caso essas rescisões continuem acontecendo com essa frequência no município de Poços de Caldas” comentou Marieta Carneiro, presidente do Sindserv.
De acordo com a presidente do Sindicato, houve uma reunião com o Executivo e Secretaria de Saúde, onde foram apresentadas as propostas de adequação de carga horária de quatro para duas horas, sem prejuízo salarial, padronização com salários de médicos e dentistas dos PSFs, e a valorização salarial dos profissionais.
“A resposta que nós recebemos da prefeitura é que eles estão cumprindo uma determinação da promotoria de justiça de adequação de carga horária e que não tem possibilidade de resolver de jeito nenhum essa situação”, lamentou Marieta.
Durante a reunião, alguns profissionais se manifestaram sobre a situação. “Enquanto a gente vê tanta coisa errada, tanta coisa ruim nesse país, a gente tem feito o que nos cabe e tem procurado fazer isso com a maior dedicação, com o maior empenho possível, e nós estamos há mais de 20 anos construindo vínculos com as pessoas que a gente atende, com a comunidade que a gente está inserido e o que a gente vê no momento, a nossa grande mágoa, o que mais nos doeu, foi que nada disso foi levado em consideração. Então é por isso que todos nos estamos vivendo um processo de sofrimento e luto diante disso, com serviços que nós levamos mais de 15 anos, mais de 20 anos pra construir”, desabafou uma médica.
“Hoje se fala em saúde da família, a volta do médico da família, dentista da família, e isso é justamente para criar um vinculo, porque sabe-se que esse vínculo reduz o problema, aí vem e vai tirar isso? A gente quer a nossa valorização mesmo, porque com o salário atual, a gente não consegue nem pagar um curso de capacitação”, comentou uma dentista.
O presidente da Câmara, vereador Antônio Carlos Pereira (DEM), disse que a situação é bastante complicada e que os parlamentares buscarão intervir de forma que possa evitar mais demissões, de acordo com o que diz a legislação.
“É uma situação bastante delicada, que a gente já tem conhecimento há algum tempo e pode causar alguns transtornos para a nossa população, caso realmente não aconteça algum acordo, algo que possa fazer por esses médicos valorosos, dedicados, com anos de bons serviços prestados à nossa população e a gente quer evitar que haja um rompimento, mas tudo dentro da legalidade. Nós estamos aqui para ouvir, para debater, para buscar uma luz nesse caminho, e não causar transtornos e problemas para nossa população, principalmente em uma área tão delicada que é a área médica”, finalizou.