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Poços de Caldas

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Morre Padre boleiro que foi ídolo da Caldense

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Padre Pedro com a foto do tempo que jogava na Veterana. Na foto ele está abaixado, é o terceiro da esquerda para a direita (foto: Rafael Santos/Poços Já)

Morreu no último sábado (26), em Varginha, aos 88 anos, o Padre Pedro Meloni Neto, em decorrência de Leucemia. Padre Pedro, como era carinhosamente chamado, jogou na Caldense na década de 1960 e se tornou notícia em todo o Brasil.
O padre viveu seus últimos anos na cidade de Paraguaçu/MG. Em 2012, passou algumas semanas em Poços para ajudar nas missas da Basílica Nossa Senhora da Saúde. Na época, esse repórter conversou com ele para o já extinto Jornal de Poços e reproduz aqui alguns trechos desta entrevista.

Ordenado padre em 1955, o padre boleiro chegou à Poços em 1961 para ajudar o monsenhor Trajano Barroco. A Caldense estava se preparando para jogar a segunda divisão e marcou uma partida contra a Machadense. A preliminar desse jogo foi entre alunos e professores do colégio Pio XII, onde monsenhor Trajano dava aulas. Sabendo das habilidades de padre Pedro no futebol, que nos 13 anos que fez seminário jogava bola praticamente todos os dias, Trajano o indicou para jogar essa partida.
Na ocasião Padre Pedro jogou pelos alunos, que ganharam a partida por 5 x 2 dos professores. Artilheiro nato,  marcou três gols naquele jogo. “O tamanho oficial do gol no futebol é cerca de sete metros, lá no seminário o gol tinha uns quatro metros e eu já fazia muitos gols. Quando vi o tamanho do gol oficial achei bem mais fácil colocar a bola para dentro”, explicou o padre em 2012.
Logo após a partida, presidentes de vários times que jogavam o Campeonato da Cidade tentaram fazer com que o padre assinasse contrato, mas, Pedro decidiu assinar com a Caldense, que disputava o mesmo campeonato com um time feito de aspirantes e veteranos. Nessa época o sacerdote estava com 31 anos e fez sua escolha pela Veterana, pois queria jogar no time que era dono do campo em que ele jogou o amistoso, por ser perto da igreja Matriz. Na época a Caldense jogava no Christiano Osório, onde hoje se localiza a sede social do clube.
A notícia de um padre jogador se espalhou pelo Brasil, o que fez com que a imprensa de vários lugares viesse a Poços de Caldas atrás de Pedro. “Foi uma loucura, era fotógrafo tirando foto minha rezando missa, com batina, sem batina, jogando bola”, contou o padre, que chegou às páginas da principal revista da época, ‘O Cruzeiro’. “Foi na edição de fevereiro de 1962, foram quatro páginas falando sobre mim. O título da matéria era: ‘Um padre na extrema esquerda’, estávamos em época em que passávamos por um momento político complicado, que culminou no Golpe de 64, então, as pessoas iam ler a matéria pensando que se tratava de um padre comunista, mas, não era nada disso, extrema esquerda era a ponta esquerda mesmo”, se divertiu o padre na época.
Padre Pedro ficou um ano e meio na Caldense, até ser transferido para a cidade de Areado. No tempo em que ficou na Veterana, apesar de ser registrado na Federação Mineira, nunca jogou no time principal, mas, não foi por falta de insistência dos dirigentes. “Para mim futebol era só uma distração, para jogar no profissional exigiria mais tempo, mais treinamento. O pessoal queria que eu jogasse, mas, minha profissão era outra, eu gostava só de jogar o campeonato local mesmo. Era um time muito bom, com jogadores experientes que me davam cada bola e, com aquele gol enorme, eu não errava uma”, brincou padre Pedro, que ainda jogou no time de Areado, de Serrania e de Paraguaçu.

As brincadeiras

Contemporâneo de padre Pedro, o comerciante Laércio de Paula jogou na Caldense e lembra a diversão que era ter um padre na equipe. “Era muito divertido, o padre chegava no vestiário e a turma puxava a batina dele, mas, ele não ligava, levava tudo na brincadeira”, diz o ex jogador, que conta que os jogos da Caldense nessa época ficavam sempre cheios, pois muitas pessoas iam ao estádio só para ver o padre. “O padre Pedro sempre jogou muito bem, corria, marcava, fazia gols. Às vezes os marcadores pegavam mais leve com ele, pois achavam um sacrilégio chegar forte em um padre, mas, ele mesmo dizia que ali ele era jogador que não precisava pegar leve, que ele não iria excomungar ninguém”, finaliza de Paula.
Anos depois o padre jogador ainda voltou à Caldense para abençoar a então recém inaugurada piscina. O convite veio do presidente da Veterana na época, Dr. Antônio Megale. O fato curioso fica por conta do presidente da Caldense e o padre terem sido jogados na piscina logo após o ritual. “Foi uma época muito divertida, na qual eu lembro com muito carinho”, finalizou o saudoso padre boleiro, que sai da vida para entrar na história, da igreja e da Veterana.                    



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