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‘Prefiro ler a escrever”, revela Milton Hatoum

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Hatoum é patrono do Flipoços 2017 (foto: Juliano Borges/Poços Já).

O escritor manauara Milton Hatoum, patrono da Flipoços 2017, conversou com o público do festival durante a noite de domingo (30). Considerado um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos, falou sobre o processo de escrita dos seus romances e da minissérie baseada em sua obra, Dois Irmãos, exibida pela Rede Globo no início do ano.

O primeiro romance de Hatoum, Relato de um certo oriente, foi publicado em 1989. O segundo, Dois Irmãos, em 2000. “Tudo que eu escrevo demora muito, é quase que uma patologia. Não sei se é paciência, é quase doentio. Escrever muito devagar e, no fundo, preferir ler a escrever. No fundo, eu prefiro ler a escrever”, confessou.

A demora para publicar novos romances é fruto da exigência que o autor impõe aos seus textos e, consequentemente, aos leitores. Durante o evento, ele lembrou que esse foi o assunto de um encontro com Jorge Amado, que aconteceu em Paris.  O escritor baiano o aconselhou a escrever mais livros, com linguagem mais simples, para viver de literatura. “Ele era mais relaxado”, disse Hatoum antes de arrancar risadas do público.

Formado em arquitetura, o autor é doutor em teoria da literatura e viveu até depois dos 40 anos como professor universitário. Mas o fato de ser arquiteto jamais deixou de influenciar seus processos como escritor.  “A arquitetura é uma desgraça que nunca me abandonou. Vem um esboço, surgem perspectivas, desenhos, sempre foi assim”, disse provocando risos mais uma vez.

Dois Irmãos

A minissérie exibida pela rede Globo em janeiro de 2017 tornou essa a obra mais conhecida de Hatoum. Ele lembra que a expectativa inicial era das piores. “É uma praga esse Dois Irmãos, depois da minissérie então… O que há de mais misterioso é o leitor. Quando eu entreguei o manuscrito, pensei comigo: nossa, mais um fracasso, ninguém vai ler. O escritor brasileiro é pessimista por princípio”.

Adaptada por Maria Camargo e dirigida por Luiz Fernando Carvalho, a produção teve como protagonista o ator Cauã Reymond e foi muito elogiada pela crítica. “Há cenas belíssimas, capítulos antológicos. Do oitavo ao décimo são capítulos de emocionar. Foi um trabalho de anos, muitos anos, oito anos. Até ir ao ar, até ser transmitido, foram oito anos de preparação, de discussão, de roteiro”, completou.

Jornalista Joselia Aguiar mediou a palestra (foto: Juliano Borges/Poços Já).

Novo romance

A mediadora da conversa, jornalista e curadora da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2017, Joselia Aguiar, tentou tirar do escritor informações sobre o novo romance, Um lugar mais sombrio.

Mas a resposta foi evasiva: ”Eu estou mais uma vez encalacrado. A única coisa que tem é o título, agora falta escrever o livro. Eu estou meio encalacrado com isso, porque mexe com tantas coisas, minha época em Brasília [quando conviveu com a violência da ditadura militar], minha juventude. Mexe com o impasse de parte da minha geração”.

Hatoum também é autor dos livros Cinzas do Norte (2005) e Órfãos do Eldorado (2008).

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