Tenda resgata história da Festa de São Benedito

Festa de São Benedito
Visitantes conhecem a história da Festa
Visitantes conhecem a história da Festa

A tenda cultural montada na Festa de São Benedito está atraindo muitos visitantes. O espaço, idealizado pelo pesquisador Roberto Tereziano, somente foi possível com o apoio da secretaria de turismo, que disponibilizou banners com imagens e textos. “A ideia é aproveitar o espaço da Festa para contar a história dela, principalmente para pessoas mais novas. Para que saibam que as coisas não acontecem em um toque de mágica”, explica Tereziano.

Mitos

O senso comum fez com que muitas pessoas tivessem informações erradas. Por exemplo, 13 de maio, feriado local, não é o dia de São Benedito. Para entender esse contexto, temos que voltar a 1889.

Um ano após a abolição da escravidão no Brasil, chega a Poços de Caldas o ex-escravo Herculano Cintra, trazendo consigo a imagem de São Benedito. Ele fica na Fazenda Barreiro, cujo dono, Coronel Agostinho Junqueira, faz aniversário em 13 de maio. Para comemorar a data, começou a festa que existe até hoje e tornou-se oficial em 1904. Comemora-se o dia de São Benedito somente em cinco de outubro.

Coronel Agostinho, que tornou-se devoto do santo negro, doou a área para a construção da primeira capela de São Benedito, onde hoje é a Basílica Nossa Senhora da Saúde, padroeira da cidade.  Anos depois, também doou o local para construção da atual igreja de São Benedito, na Rua São Paulo.

Mudanças

Tereziano conta que a festa permaneceu fiel na fé, mas foi alterada no decorrer dos anos. “De tempos em tempos vamos encontrar mais congos, menos congos, mais caiapós, menos caiapós. Também se perdeu um pouco a tradição de servir apenas comida típica mineira. E em 2000 as barracas passaram a ser comandadas pelas paróquias.”

Congos e caiapós

Uma das tradições é quando os congos tiram os caiapós do mato e os levam para aproveitar a Festa. Mais uma atração que pode ser explicada pela história.

Quando a escravização de índios começou a declinar, ainda no século XVI, eles foram substituídos pelos negros. Como sabiam das dificuldades da escravidão, os índios passaram a colaborar com os novos escravos, ajudando nas fugas e os escondendo nas matas. Por isso, os congos (negros) fazem questão que os caiapós (índios) participem da festa e vão buscá-los na mata. Um ato de gratidão. “É a simulação do que aconteceu na história. Os congos conversam com os índios, por meio de sinais. Depois de convencê-los e explicar que é uma festa cristã, há uma espécie de conversão. Os índios, que antes não conheciam esse Deus europeu, entendem a mensagem e vem participar da Festa”, explica Tereziano.

O advogado Flávio Moraes visitou a tenda e gostou de aprender mais sobre a história deste evento tradicional em Poços de Caldas. “É um trabalho muito relevante, consegue resgatar a memória da cidade. Vale a pena visitar”.

A Festa de São Benedito termina na próxima segunda-feira. Confira a programação:

Dia 11 de maio

15h – Retirada dos caiapós na Fonte dos Amores

15h30 – Caminhada pela cidade, conduzindo os caiapós até a Igreja de São Benedito na Praça Coronel Agostinho Junqueira

18h – Celebração eucarística na Igreja de São Domingos com a presença de todos os ternos de congos e caiapós

De 11 a 13

21 h – Embaixada de Carlos Magno e os 12 partes de França pelo terno de congos de são Benedito, no pátio da Igreja de São Benedito.

Dia 13

6h – Alvorada festiva com queima de fogos e repique de sinos da Igreja de São Benedito e Nossa Senhora da Saúde (Basílica)

10h – Missa conga na Igreja de São Benedito

12h – Visita dos ternos de congo e caiapós à Basílica de Nossa Senhora da Saúde

16h – Procissão com andores de São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia