Publicidade
Heloíza deveria nascer em junho, mas já luta pela vida há três meses

Heloíza Venâncio da Silva deveria nascer em junho, se tivesse ficado na barriga da mãe ao longo do período previsto, mas ela acabou adiantando: nasceu dia 16 de fevereiro, com 23 semanas e 5 dias de gestação, o equivalente a quase seis meses. Ao longo dos últimos três meses, ela demonstrou garra e determinação e agora recebe alta, juntamente com o título de recordista, já que ela é o bebê com menor idade gestacional a nascer e sobreviver na Santa Casa de Poços de Caldas.

Publicidade

Ela media, ao nascer, 28.5 centímetros e pesava apenas 605 gramas. Na época, a expectativa de vida era muito pequena, mas três meses e 12 dias depois, pesando 2,490 kg e medindo 42,5 centímetros, na noite desta terça-feira (28), o milagre chamado Heloíza teve alta da CTI Neonatal.

Equipe comemora o sucesso da bebê

Heloíza está agora com 37 semanas de idade gestacional corrigida. É como se ela ainda fosse nascer, já que o ideal são 40 semanas de gestação. “A UTI Neonatal é como se fosse uma extensão do útero da mãe, porque o bebê termina seu desenvolvimento, que seria dentro da mãe, aqui com a gente. Então, é muito gratificante a equipe vivenciar isso, de ver um bebê, que nasceu com essa idade gestacional, muito bem. Estamos muito felizes de entregar a Heloíza para os pais, que é o nosso principal objetivo”, revela a coordenadora de enfermagem da UTI Neonatal, Gisele Furtado da Mata Alvarenga.

A enfermeira conta ainda que Heloíza foi para a pediatria com uso de um cateter nasal, já que ainda está dependendo de um pouco de oxigênio. Por isso, ela fica no hospital até que ser liberada do equipamento.

“É difícil fazer uma previsão de quanto tempo ela vai ficar ainda, depende do bebê. Semanalmente, vai reduzindo o que a gente chama de Fo2, que é o oxigênio, e assim que ela conseguir sair desse cateter, ela aguarda de um a dois dias em área ambiente e depois disso tem alta pra casa”, conta a enfermeira Gisele.

A médica da UTI Neonatal da Santa Casa, Manoela Borba, conta que com 23 semanas e 5 dias o embrião ainda não está totalmente formado e de imediato isso é o que mais gera complicações, mas que Heloíza surpreendeu, recebeu todos os cuidados necessários e passou por tudo sem sequelas.

“Quando um bebê tão prematuro nasce, temos que ser sinceros com os pais e jogar as reais possibilidades. Com as chances altas de mortalidade, é um dia após o outro aqui na UTI e a Heloíza nos surpreendeu desde o nascimento, já dava pra notar o quão guerreira ela é. Passou por algumas dificuldades, algumas intercorrências ao longo desses três meses que ela está na UTI, e hoje ela está recebendo alta em condições de seguir uma vida normal”, decreta a médica.

Surpresa

Mãe de primeira viagem, Nataly Alves Venâncio da Silva agora é só alegria em poder ficar com sua filha, mas há três meses, quando Heloíza nasceu, o susto foi grande. “Eu achei que era uma cólica, tinha acabado de tomar medicamento e achei que era por conta desse medicamento que eu estava passando mal. Mas foi agravando muito, ligamos para minha médica e ela estava na Santa Casa de plantão. Aí ela disse para correr que estava nascendo. Na semana anterior ela tinha dito que se nascesse era aborto, então, quando estourou a bolsa no caminho, eu fiquei muito assustada, achei que tinha perdido minha filha, mas chegamos na Santa Casa e ela nasceu bem, respirando, logo o intestino funcionou”, detalha a mãe, que sempre teve muita fé.

“Eu sempre confiei muito, eu sempre tive muita fé em Deus, mas o que a gente ficou com medo foi o fato dela ter nascido com o canalzinho do coração aberto. Mas, graças a Deus, não precisou fazer cirurgia, curou sozinho. Agora, com ela comigo no quarto, é só alegria. Estou apenas contando os dias para poder levá-la pra casa”, comemora Nataly.

O pai, Rafael Batista da Silva, conta que quando Heloíza nasceu ela não tinha esperança nenhuma de sobrevivência, era praticamente um aborto. Mas, ela foi correspondendo e a certeza que ela ficaria bem crescia a cada dia. “Todos os testes que a Santa Casa fazia ela passava super bem. A equipe super dedicada com ela, 24 horas, médicos, enfermeiros… Foram passando os dias e a esperança foi aumentando, a fé foi aumentando, e hoje, graças a Deus, ela já está com 2,490 kg, já saiu da incubadora após 90 dias e agora está tendo alta para ir para o quarto, para aprender a mamar, fazer todo o processo e a gente levar ela pra casa”, conta o pai.