A audiência de instrução do caso que apura a morte de Ana Lívia Lopes da Silva, de três anos, em junho deste ano, começou pouco depois das 10h. Christhopher Anthony Tavares Coelho, de 27 anos, e Letícia Lopes Fonseca, de 19, foram trazidos de Piumhi para participar da audiência. A defesa de Letícia falou com exclusividade com a reportagem do Poços Já Cidade e contou que ela espera ser punida, não por ter executado o crime, o que não teria feito, mas por ter se omitido no socorro a filha.
O casal está preso em Piumhi e foi trazido nesta manhã para Poços, direto para o Fórum, em dois carros do sistema prisional. Christopher será defendido pelo defensor público Renato Tavares da Silva e Letícia tem três advogados: Fabiano Travassos Viti, Karla Felisberto Dos Reis e Lucas Gomes Flauzino. A reportagem conversou com Karla, que deu algumas informações sobre a linha de defesa. Cerca de 20 testemunhas, entre acusação e defesa, devem ser ouvidos ao longo do dia, assim como os réus.
“Neste momento ainda é prematuro estabelecer uma linha de defesa. Hoje é a primeira audiência, audiência de instrução. Com certeza esse processo será levado a júri, na nossa opinião, e de acordo com o que analisamos no processo, a situação dela é ruim, o crime foi grave e bárbaro, mas ela não é a executora do homicídio em si. Ela agiu por omissão, então vamos analisar essa situação e ver onde conseguimos chegar no decorrer do processo”, explica a advogada.
Com a certeza do pronunciamento a júri popular, a defesa vai tentar um desaforamento do caso, que é fazer com que o júri seja realizado em outra comarca. “A opinião pública de Poços de Caldas já está muito desfavorável e pode vir a prejudicar. O julgamento em tribunal tem que ser imparcial e aqui acreditamos que não será”, explica.
Os advogados não puderam conversar com sua cliente antes da audiência, já que eles foram trazidos direto para a audiência, e não um dia antes para o presídio, como costuma acontecer. Nos contatos anteriores, Karla conta que Letícia se demonstrou “resignada com a situação e sofrendo pela morte da filha. Não perdoa o ex-marido e não quer contato com ele”.
Durante as conversas com os advogados, Letícia teria informado que sofria ameaças de Christopher e era agredida, disse que ele era possessivo e no dia dos fatos não deixou que ela tomasse nenhuma atitude. “Quando ela viu que a situação estava grave ela foi procurar junto à mãe dele. O que percebemos é que ela era extremamente submissa a ele”, esclarece Karla. “Agora ela sabe a gravidade da situação, mas parece que ela está meio fora do mundo”, acrescenta.
Letícia ainda parece estar ciente de suas penas. Ela não teria perguntado aos advogados se vai sair do presídio, nem quando. “Ela sabe que não vai sair fácil. A preocupação dela é de ser julgada de forma justa, entende que vai ter que ficar presa e assume a responsabilidade do que ela acha que fez, que é se omitir com relação às agressões dele, que já vinham acontecendo”, pondera.
A advogada ainda pontua que, após ter sido transferida por duas vezes, hoje Letícia se sente tranquila na unidade de Piumhi, onde um trabalho de conscientização foi realizado para que o acolhimento acontecesse de forma normal e fosse aceita na cela. A reportagem não teve acesso ao defensor público que faz a defesa de Christopher.
O caso
O processo em que eles são acusados está na 2ª Vara Crime de Poços de Caldas e os acusa de terem matado a menina espancada. O motivo seria o fato de Christopher ter se irritado com Ana Lívia por ter feito xixi na cama e ter saído do castigo. Embora as agressões tenham ocorrido de manhã, por volta das 8h, a criança só foi levada para o hospital pouco antes das 17h, quando a mãe e a irmã do autor foram cientificadas da situação da criança.
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