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Um menino autista de 10 anos foi agredido dentro de uma escola municipal em Poços de Caldas, na última quinta-feira (5). A mãe do garoto está registrando o caso junto ao Conselho Tutelar e à Polícia Militar.

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Segundo a mãe, o garoto ficou dez dias afastado da Escola Antônio Sérgio Teixeira, no bairro Santo André, e a direção pediu que ela o buscasse mais cedo, por ser um período de adaptação e por conta da unidade ainda não contar com uma auxiliar para acompanhá-lo. A mãe conta que entendeu a questão, mas ao chegar à escola, outros alunos foram até ela, dizendo que o filho estava brigando.

“Quando cheguei lá nem era briga, dois alunos o tinham fechado nos fundos da escola, cuspiram e jogaram pedra nele. Não tinha nenhum professor com ele”, contou a mãe ao Portal Singularidades, voltado às questões do autismo.

A mãe conta ainda que esta não foi a primeira vez que o filho apanhou na escola e optou por acionar o Conselho Tutelar. O caso está sendo registrado no órgão e depois será levado ao conhecimento da Polícia Militar.

O caso chama ainda mais atenção por acontecer no mês da conscientização do autismo, em especial da inclusão dos mesmos em espaços públicos, como é o caso da escola. Para garantir que a inclusão seja feita, uma lei, sancionada em 2012, determina que as crianças autistas sejam acompanhadas por uma pessoa especializada durante as atividades escolares.

A pena é de três a 20 salários mínimos para a escola que se recusar a matricular um aluno autista, em razão de sua condição. A escola ainda pode responder a um processo administrativo, inclusive com a perda do cargo.

Escola já está trabalhando no caso (foto: Divulgação)

A reportagem do Poços Já Cidade entrou em contato com a direção da escola, que encaminhou o caso à Secretaria de Educação. Luciana Adele Pregnolato de Oliveira, supervisora pedagógica e membro do núcleo de inclusão, assume que a escola falhou e que isso não poderia ter acontecido, não só com a criança autista, mas com qualquer outra criança, por isso, medidas estão sendo adotadas para corrigir a falha.

Sobre o episódio, ela explicou que o relato da direção é de que a vítima estaria em aula de educação física e no retorno para a sala de aula, ela e um menino trocaram pedradas, em um canto, escondido dos demais. Foi neste momento que a mãe chegou e o caso foi notificado à direção.

O aluno envolvido no caso, de acordo com o que a direção da escola  relatou à Secretaria, é matriculado na escola, mas naquele dia não teria ido a aula e entrou na quadra através de um buraco. O menino também já é um caso de acompanhamento com queixas de indisciplina, algumas advertências e suspensões.  Segundo a escola, apenas este aluno estava envolvido.

Agora, a mãe de ambos foram chamadas à escola para tratar do caso e uma nova suspensão deve ser aplicada ao garoto envolvido na agressão.

Luciana explica ainda que a questão de inclusão do autista vem sendo trabalhada desde fevereiro e que realmente ainda não foi disponibilizada uma pessoa para acompanhamento integral da criança, mas que há uma dedicação para que isso aconteça, inclusive, foi oferecido à mãe a transferência do aluno para uma unidade que já conta com uma auxiliar de educação inclusiva, mas a mãe preferiu manter o filho na escola.

Agora, a Secretaria vem tentando parceria com as universidades que oferecem curso de Pedagogia para que se contratem estagiários para fazer esse acompanhamento, uma vez que eles têm mais capacidade e habilidade para realizar esse tipo de trabalho do que a auxiliar, que conta apenas com o ensino médio.