Publicidade

Olá queridos (as)! Para quem adora filmes, como eu, e assistiu a recém-lançada reedição do filme “O Rei Leão”, ou sua versão original, poderá identificar alguns aprendizados que destaquei nessa obra, seguem abaixo.

No início do filme, ao desobedecer seu pai, o filhote Simba diz a Mufasa que gostaria de ser como ele e não ter medo de nada. Seu pai lhe responde que só é corajoso quando necessário e que todos, inclusive os reis, têm medo. O aprendizado contido nesse trecho é que não devemos evitar o medo, pois ele tem uma função importante: de preservar a vida e que mesmo sentindo medo não devemos deixá-lo nos paralisar e sim seguir adiante. Diante de uma condição nova ou de um desafio é normal um certo nível de insegurança, isso mobiliza em nós os recursos que temos e nos possibilita desenvolver novos recursos e aprendizados. Por isso, sair da zona de conforto é tão benéfico, já que um cérebro adaptável nos torna mais resilientes e saudáveis mentalmente.

Publicidade

Seu tio Scar, irmão mais novo de Mufasa, que sempre quis tomar o reinado de seu irmão, monta uma armadilha para matar o irmão e o sobrinho. Diante da morte do seu pai para salvá-lo, Simba não conseguiu ver o que de fato ocorreu. Assim, ele percebeu e significou esse evento como tendo sido sua culpa. Podemos notar aqui o quanto que nossa percepção da realidade e o significado que damos para ela influenciam no nosso julgamento, na construção da nossa autoimagem e nos nossos comportamentos. Como Simba, que era somente um filhote e não tinha muita vivência e entendimento, nós, quando crianças, também não temos muito conhecimento e significamos nossas experiências conforme nosso entendimento. Muitas vezes, crescemos acreditando em coisas sobre os outros e nós mesmos que não são reais, daí a importância de um processo de Coaching para ressignificar o passado, alterar crenças que nos limitam e ajustar os valores que guiam nossa vida.

Quando seu tio aparece, aproveitando-se do momento em que ele está triste e assustado, confirma seu temor de que todos o responsabilizarão pela morte de Mufasa e manda Simba fugir. Assim, Scar assume o reinado, que por sua vez, entra em decadência. Vemos aqui que quando o mais novo toma o lugar do irmão mais velho desequilibra o sistema, uma vez que a ordem e a hierarquia do sistema devem ser respeitadas, princípios que embasam a constelação familiar sistêmica.

Após vagar muito e chegar num lugar distante, Simba é encontrado por Timão e Pumba que o ensinam o lema “Hakuna Matata”, ou seja, sem problemas. Mostram a ele uma nova filosofia de vida, dizendo que coisas ruins acontecem e não há nada que possamos fazer para mudar, então não precisamos nos preocupar, devemos esquecer quem somos, nosso passado, os problemas e responsabilidades, cabendo somente curtir a vida, morar onde quiser e só fazer o que quiser, sem regras e responsabilidades, afinal, a vida não tem o menor sentido, “só pense em você”. Assim, ele vai crescendo e deixando os hábitos próprios de um leão, passa a comer e se comportar como seus novos amigos. Não percebe sua importância para o todo, sem visão sistêmica acredita que não precisa de ninguém e que sua vida não impacta na vida dos outros. Ele vai contra aprendizados que recebeu de seu pai, que lhe disse que todos estamos interconectados e devemos ocupar nosso lugar no ciclo da vida.

Até que um dia, Nala, sua amiga de infância, o encontra e pede sua ajuda, lembrando-o de que ele é o rei e que tinha que voltar e assumir suas responsabilidades. Ele fica com medo de contar a ela o motivo de sua fuga e ela deixá-lo. Com medo também de perder sua liberdade, fica confuso. Muitas vezes negamos nossa origem, quem somos, nossos desejos, e nos contentamos com o que é apresentado e com o que os outros nos atribuem. Mentimos para nós mesmos, escondemos o que nos aflige e não lidamos com nosso passado, isso traz consequências desastrosas. Percebam que o citado medo de perder a liberdade é uma postura infantil, pois é a criança (não o adulto) que não quer se comprometer com nada e nem assumir responsabilidades. Tomar consciência do nosso funcionamento psíquico e desenvolver autoconhecimento são etapas valiosas nos processos de psicoterapia.

Outro encontro marcante acontece: com Rafiki, o representante espiritual que – ao seu nascimento – o apresentou ao reino. Ele diz que conhece Simba, mas Simba diz que não sabe quem é. Então, Rafiki o conduz até um lago, onde ele vê no seu reflexo o rosto do seu pai, ou seja, Mufasa está vivo nele. Nós somos nossos pais, metade pai e metade mãe, eles sempre viverão em nós e na continuação da vida. Fugir da nossa origem, negá-la, não resolve qualquer problema. Mais cedo ou mais tarde, devemos encará-la de frente e acertar as contas com nossa história.

Nesse encontro ainda há um outro momento significativo que não foi exibido na reedição do filme, estava somente na versão original. É quando Rafiki bate com seu cajado na cabeça de Simba e lhe diz: “o passado pode te machucar e você pode decidir fugir dele ou aprender com ele”. Passamos por momentos difíceis na vida que nos trazem dor e a mesma dor que machuca é a dor que pode nos modificar, de tal modo que é enfrentando os desafios e superando os fracassos que podemos construir recursos e novas habilidades.

Somente quando Simba retorna ao seu reino, para enfrentar o tio e ocupar o seu lugar devido, é revelada a verdadeira causa e o responsável pela morte de seu pai. Quando estamos dispostos a encarar nossas limitações, erros e bloqueios, a solução se apresenta e a verdade vem à tona.

E aí? Você também tinha verificado esses ensinamentos no filme? Com qual personagem você se identifica mais? Conseguiu perceber em que área da vida está encarando seus papéis e responsabilidades de forma leve e onde está fugindo de si mesmo(a)?

* Daphne Rajab Cardia é psicóloga, formada na Universidade Vila Velha, MBA em Gestão de Pessoas pela FGV, Coach certificada pelo Instituto Brasileiro de Coaching, Consteladora Familiar Sistêmica formada pela Hellinger Schule Brasil, especialista em desenvolvimento pessoal e profissional. Tem como missão de vida ajudar as pessoas a tomar consciência de si mesmas e alcançar a vida plena.