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Vivemos num país em que a educação está em primeiro lugar em tudo, menos na prática. Nos discursos dos palanques da vida, a educação é sempre a primeira a ser lembrada. Nos centros de recuperação de menores, a educação é lembrada. Nas palestras, seminários, entrevistas e até na igreja, a educação está sempre no primeiro parágrafo do discurso. Na prática, não funciona assim. Temos um povo semianalfabeto, desmotivado e ingressando facilmente na criminalidade. Por outro lado, temos políticos que tratam a educação como gasto desnecessário e não como investimento.

A educação sempre foi um mecanismo de fundamental importância para a formação do cidadão em meio à sociedade, possibilitando o conhecimento e avanços relevantes para o crescimento de potencialidades que a mesma oferece.

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É através dela que o indivíduo se socializa, comunica, questiona e se liberta. Não se trata apenas do espaço físico escolar, mas sim, de habilidades que são formadas num processo fora da escola. Assim, se são formadas fora da escola, são habilidades formadas em relações sociais, pois abrangem diversos âmbitos da sociedade, que de maneira geral podem influenciar o indivíduo. Assim como quando se assiste uma peça teatral, palestra, lê-se um poema, canta, dança, apenas observa, enfim… há uma diversidade de ações que proporcionam a troca de saberes.

A educação não deve ser focada apenas no diploma universitário, mas baseada também em uma linguagem mais humana, sensorial, libertária, para que possamos alçar novos horizontes e possibilidades, através de novas didáticas e metodologias do ensinar/aprender. Por isso, investir e oportunizar educação para todos os níveis da sociedade não é um gasto, mas sim, uma ferramenta de emancipação do ser humano.

A educação escolar propriamente dita tem sofrido muitos ataques. A permanência por educar, transmitir conhecimento, vem sendo confundida com “doutrinação”, um termo equivocado, que foge totalmente à realidade dentro das escolas. Então, resistir tem sido de suma importância para a defesa de direitos e avanços conquistados ao longo dos anos, por aqueles que acreditam na educação qualitativa e na escola sem muros e amarras.

Eu prefiro ver pessoas com livros nas mãos do que segurando uma arma. Sim, este é o meu pensamento enquanto cidadã. Quero um futuro com educação e cultura acessíveis a todos, onde sejamos agentes transformadores por um mundo igualitário e sem exclusões.

Educar para que tenhamos uma sociedade consciente, pronta a dialogar, questionar, (re)pensar atitudes e acima de tudo transformadora de sua própria história.

*Évila dos Anjos é nortista, cabocla da cidade de Belém do Pará. A(R)tivista na vida, pedagoga, atriz, professora de teatro, diretora teatral, palhaça, contadora de histórias, performer e membro fundadora da Cia Nós de Teatro. Desenvolve trabalhos de educação/teatro em projetos sociais, tendo experiências diversas no ramo. Alia a arte à militância, pois uma não caminha sem a outra. Com o tempo e as vivências, aprendeu que a arte é uma maneira de resistência e uma das bandeiras que carrega como forma de conscientização e cura para descobertas e convicções. Mora em Poços de Caldas há seis anos, mantendo as raízes de luta e força dentro dos espaços e da arte, caminhando e seguindo graças a toda ancestralidade que a rege.