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…e o combinado precisa ser cumprido. Tive a incumbência honrosa de escrever um artigo, ao longo de doze semanas intercaladas, e entregá-los à redação do Poços Já e, hoje, fecho esse acordo. Uma sensação de estar encerrando uma temporada. Aliás, tudo hoje é por temporada. Que isso, por favor, não infecte as relações!

Escrevi o que achei que devia e o muito que vivia, mesmo sem ser do ofício propriamente dito e por isso, pela ousadia de minha parte, me desculpo com os catedráticos das letras. Mas, mesmo me colocando em meu devido lugar, não posso abster boas e distantes lembranças nessas plagas do escrever. Era a sétima série do ginasial (acho que em livre tradução atual, seria o sétimo ou oitavo ano do ensino fundamental) e, depois de uma explicação em sala de aula, o querido professor de português, Hugo Pontes, encomendou que escrevêssemos um texto de descrição. Descrição de algo, de um lugar, de uma situação. Como cada um preferisse.

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Escolhi “descrever” no caderno a Serra de São Domingos. Usei, dentro do que foi pedido, uns pitacos de pretensão poética e não é que deu certo? Ao levar o caderno para a avaliação do mestre, ao ler, ele convocou um dos colegas para que transcrevesse o texto na lousa e todos copiassem em seus cadernos. Vivi um misto de vergonha e felicidade.

Pouco tempo depois, alguns poucos anos escolares à frente, o mesmo Hugo nos deu um “para-casa” que, para muitos, era um verdadeiro martírio: uma redação a ser entregue no dia seguinte, valendo nota! Com o tema estabelecido, alguns mais próximos a mim sabiam dessa minha ligeira facilidade com a escrita. Essa informação correu e me vi assediado por muitos.
Confesso aqui, publicamente, depois dessas décadas todas, um quase sacrilégio. Traí meu professor! Seduzido pelo vil metal, escrevi umas 15 redações diferentes com o mesmo tema proposto e…vendi. Sim. Fui vencido pela tentação mercantilista e me prostituí literaturalmente. Perdão, professor.

Hoje, a minha temporada de ousadia literária se encerra e, agradecidamente, retribuo ao carinho que recebi pelos textos postados, tomando emprestado um pouquinho de quem soube tudo das letras  “…que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

Muito obrigado.

*Pedro Bertozzi é radialista, apresentador de TV e músico