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Por vezes, acabamos surpreendidos com o que a vida vai colocando em nosso roteiro. Encarnamos alguns momentos que nem sempre condizem com o que entendemos por alegria. Temos o direito de, vez em quando, nos entristecermos. Algumas situações que protagonizamos, tornam quase sacrilégio para outras pessoas, essas horas em que desaceleramos a euforia, o oba-oba e nos permitimos piscar os olhos mais absortamente, lentamente, para talvez, nos vermos por dentro.

Estamos quase que obrigados a  dar conta de nossos sorrisos e principalmente da ausência deles. Acabamos atuando como se só eles nos habitassem e, na hospedaria de nosso corpo, outros viajantes, nem sempre tão bem- vindos, também ocupam quartos. Eles trazem em suas bagagens, os avisos úteis da fragilidade de nossas blindagens. Fraquejamos, sim! Tememos, sim! Choramos, sim! E daí?

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A obsessão por objetivos é o norte que nos guia e sempre pautará o raiar particular dos nossos dias, mas que isso não subtraia a sagrada sensação de suspirarmos, lamentando seja lá o que for. Queremos o otimismo e nossas crenças? Queremos. E buscamos isso com a dosagem máxima de nossa sanha. Ainda assim,  entristecer não é sucumbir, não é lamber o chão. É o galeio para impulsionar nossa próxima e feliz aventura terrena. É escancarar nossas gavetas para abrirmos um brechó de nós mesmos.

Os outros corações, aqueles que nos amam e respeitam, saberão esperar sem cobrar. Eles sabem que cedo ou tarde, os nossos sorrisos sempre voltam.

*Pedro Bertozzi é radialista, apresentador de TV e músico