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Há ainda amores se contrapondo ao imediatismo desses momentos de agora. Ouso cometer a heresia de achar que nem sempre “o pra sempre, sempre acaba”. Em se tratando de amar, o mágico é arriscar na consistência dessa brisa que só mora em nós quando amamos e, se experimentamos a aridez de não tê-la, deixamos – mesmo que não assumidamente –  nossas portas e janelas escancaradas, sem tramelas, para sermos invadidos, ocupados, virarmos posse mesmo! Ou seja, quando não estamos atingidos, queremos ser o alvo, mesmo que tudo à nossa volta conspire midiaticamente para o contrário. Virou quase chique propagar a suposta pieguice do se envolver.

As coisas duradouras me atraem mais. Ainda que o instante seja, atualmente, a pauta do mundo, os amanhãs me seduzem. Convivo mal com a consistência esfarinhada do agora, ditando as relações. Sou adepto dos olhares que delatam e me delato sempre, mesmo correndo o risco de penas severas, de sentenças condenatórias que imputem ao meu coração, essas prisões repletas da contraditória liberdade que só o amor nos dá.

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Me pego pensando na razão dessa pauta de hoje aqui e concluo, entendendo que precisamos  sempre (olha o sempre aí de novo) nos suprir de amor. Por mais que tenhamos uma postura endurecida, convenientemente endurecida, o dar as mãos, o conhecer as vísceras de um outro coração, o experimentar o sabor de outra boca, faz com que a gente queira proclamar o sempre (de novo!) desse estado de encanto. Estamos aqui, antes de tudo, para aprender e evoluir no amor. Tudo que se divergir disso, será um capítulo mal escrito de nossa própria involução.

*Pedro Bertozzi é radialista, apresentador de TV e músico