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Setembro amarelo: Precisamos falar sobre suicídio!

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Caros leitores, é com muita alegria que retomo as atividades no Poços Já. E já trago um tema oportuno: a campanha de prevenção ao suicídio, que acontece neste mês. O Setembro Amarelo!

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, cerca de 11 mil pessoas cometem suicídio todos os anos no Brasil. Estima-se que, pelo mundo, 800 mil pessoas morrem desta maneira por ano, de acordo com dados da OMS. São números muito preocupantes, e que nos trazem um apontamento necessário: precisamos falar sobre o suicídio. Em se tratando de um assunto bastante delicado, muitas pessoas não se sentem confortáveis para conversar sobre.

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É importante entendermos que não se trata de uma situação nova, apesar de continuar atual. Trata-se de um problema social que parece ser inerente à própria humanidade, uma vez que há relatos de suicídio e ideações suicidas que nos remetem aos primórdios da civilização. Contudo, o tabu permanece. Temos suicídios, e não conversamos sobre. Falta diálogo sobre o tema entre pais e filhos, e familiares não se responsabilizam. Faltam materiais de campanha para se trabalhar este tema nas escolas, pouco se fala sobre isso nas universidades e grandes centros de formação profissional. Em empresas e repartições públicas, assim como outros locais de trabalho, praticamente inexiste uma atenção voltada para o diálogo e a prevenção ao suicídio. No entanto, este continua a ocorrer de forma contínua, crescente e preocupante.

Pergunto: o que temos feito para combater esse mal? Por que a sociedade prefere se calar diante de tantas mortes precoces por este motivo? E aqui eu ressalto que quando falo de sociedade, falo de nós. Nós somos a sociedade. E quando eu falo de pessoas em sofrimento, falo de nossas filhas e filhos, irmãos e irmãs, pais, amigos e colegas. E também de nós mesmos, afinal, a vida não é um conto de fadas e ninguém é feliz para sempre.

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Portanto, pra falarmos de suicídio precisamos também falar sobre sofrimento mental. Sofrimento que é, muitas vezes, erroneamente confundido com falta de fé, falta de positividade, falta de Deus, frescura, pieguice. No jargão popular, estamos resumindo algo grave, como o sofrimento psíquico, a “mimimi”.

Percebo que, enquanto seres sociais, nos falta empatia. Neste sentido o ser humano é incrivelmente inábil, tem uma incapacidade assombrosa de se colocar no lugar do outro. Ao concebermos o mundo e as relações segundo a nossa própria experiência particular, negligenciamos a experiência do outro e sua forma de enxergar o mundo. Ao olharmos somente para nós mesmos e nossas verdades, cegamo-nos às verdades do outro.
Porém, ao me empatizar, ao me colocar no lugar e tentar compreender o outro, proporciono também ao outro a possibilidade de se colocar no meu lugar e me entender. E assim, podemos dividir alegrias e angústias, e quebrar os nossos preconceitos. Uma das grandes estratégias para se prevenir o suicídio é esta: escutar e compreender.

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A ideia de se tirar a própria vida pode parecer absurda a alguém que nunca experimentou um sofrimento mental intenso. Mas ao olharmos os números, a ideia passa a não ser tão absurda assim. E ao conversarmos e dividirmos sobre sonhos, expectativas, angústias e sofrimentos, passamos a entender que não é frescura, não é “mimimi”. Mas sim uma questão sensível e séria que, como tal, precisa ser tratada com sensibilidade e seriedade. E a empatia sem dúvida é um bom começo. Ainda assim, é apenas um bom começo.

Há casos em que uma ajuda profissional é fundamental. Existem profissionais preparados para fazer uma escuta mais qualificada das questões mais profundas que levam determinado sujeito a experimentar o desejo da própria morte. Tais profissionais, ao fazerem uso da sensibilidade e capacitação técnica, obtidas ao longo de suas caminhadas, saberão dar o encaminhamento necessário para cada caso. Além disso, é importante salientar que existem alguns números telefônicos que trabalham diretamente com a prevenção ao suicídio, com profissionais capacitados e prontos para atenderem às demandas que se apresentam. Disque 141 e 188 (depende da região). Estes números podem salvar vidas.

Em suma, se você nunca passou por um sofrimento intenso que o fizesse questionar sua própria existência, ótimo! Isso não exclui as suas responsabilidades sociais diante daqueles que sofrem. Insisto: a empatia sem julgamentos e/ou preconceitos também pode salvar vidas.

Se você passou ou passa por tais sofrimentos, saiba em primeiro lugar que não está sozinho. E em segundo lugar, saiba que existem pessoas dispostas a acolher e ajudar, e também profissionais capacitados para compreender e lidar com todos estes sofrimentos.

Teremos oportunidade de discorrer um pouco mais sobre o assunto em breve, na próxima coluna. Por ora, se soubermos minimamente compreender a seriedade da questão e conversar sobre, estaremos dando um importante passo em direção à prevenção ao suicídio. No final das contas, somos todos humanos, dotados de sonhos, esperanças, expectativas, frustrações, angústias e sofrimentos. Estamos todos no mesmo barco.

*Anderson Loro é psicólogo e músico. Como psicólogo, atua em clínica particular, e no serviço público pela Prefeitura de Poços de Caldas, com pessoas em situação de rua e com grupos de homens denunciados por meio da Lei Maria da Penha. Como músico, atua em diversos grupos, dentre eles a Banda Capitão Vinil.

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