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Poços de Caldas

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Fiz xixi nas calças… Dele…

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No dia 12 de setembro de 1894 nascia um dos maiores cantores da antiga geração, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro:  Vicente Celestino, que  morreu aos 74 anos de idade, em São Paulo, quando ia se apresentar num programa de TV juntamente com Caetano Veloso. Era descendente de italianos e fazia parte de uma prole numerosa. Quase todos com veia artística.

Em dezembro de 1944  a Cruz Vermelha Brasileira, em colaboração com a da Bélgica e França, organizou uma apresentação beneficente,  no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, de uma opereta conhecida como “Les Cloches de Corneville”(Os Sinos de Corneville), que tinha como atores principais Marco A. Carneiro, José Eduardo Bahiano  e Gilda de Abreu, ela já famosa e esposa de Vicente Celestino.

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Meu pai e meu tio (Roger e Robert) com 24 nos de idade e trabalhando na Embaixada da Bélgica, no Rio,  representavam dois personagens coadjuvantes mas com destaque importante no enredo. Nunca consegui saber como foram parar nessa empreitada.

Eu tinha em torno de sete meses, já gordinho e rechonchudo. Minha mãe acompanhava o marido e lá ia eu junto.  Lógico que não me lembro de nada disso… Mas guardo com carinho um livro que foi editado para o evento que tinha como principal missão arrecadar fundos para as vítimas daquele tenebroso conflito. As “Damas da Sociedade”, como eram conhecidas as esposas de algumas personalidades políticas e empresariais daquela época, também participavam do elenco.

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Tirando o maestro Marco A. Carneiro, José Eduardo Bahiano e Gilda de Abreu , todos os demais eram amadores – inclusive meu pai e tio – e participavam daquele espetáculo como forma de colaboração à Cruz Vermelha, que era a grande patrocinadora do evento.

Minha mãe me contava que os ensaios eram realizados nos fins de semana e a cantora principal (Gilda), que fazia uma excursão pelo Nordeste com Vicente Celestino, chegou poucos dias antes do espetáculo. No ensaio final, Vicente Celestino foi  acompanhar a esposa  e ficou sentado na primeira fila vendo toda a agitação do palco. Minha mãe estava próxima, comigo no colo e, num determinado momento, Vicente, todo solícito, me segurou e passei a ficar no colo dele.

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Em certo momento Vicente Celestino solta um grito. Quem já o ouviu cantando pode imaginar o vozeirão que ecoou por todo aquele teatro.  O ensaio foi interrompido. Gilda olhou preocupada para o marido querendo saber o que tinha acontecido. – Esse menino mijou nas minhas calças, bravejou, sem saber o que fazer comigo. Minha mãe, pessoa extremamente simples, ficou desorientada e se desculpava, envergonhada, pelo desastre que provoquei naquele tão importante cantor admirado em todo o Brasil. Voltei ao colo da minha mãe e todo o elenco riu daquele episódio observando Vicente naquela situação constrangedora. É fácil entender que naquela época não existia ainda a fralda descartável.

O espetáculo foi apresentado, também, no Teatro Municipal de São Paulo.

Em 1958 eu subi naquele mesmo palco e cantei Villa Lobos sob a regência do maestro Eliazar de Carvalho como integrante do orfeão do Colégio Pedro II. Outros corais e grupos orfeônicos também participaram. Bons tempos… Concertos para a Juventude.

Essa opereta chegou a ser encenada em Poços de Caldas no antigo teatro do Grande Hotel que existia na Francisco Salles perto da Prefeitura (um crime que cometeram ao derrubar aquele prédio). Desconheço os membros do elenco que aqui se apresentaram. Isso mostra a pujança cultural da nossa cidade na época da guerra e  do pós-guerra.

Gilda Abreu e Vicente Celestino.

* Léo Bougeard nasceu no Rio de Janeiro e estudou Ciências Políticas na Europa em 1965. Formado em Direito, foi conselheiro para o comércio exterior da Bélgica por mais de dez anos, é cidadão honorário de Poços de Caldas e ex-Secretário de Turismo. Escritor e editorialista.

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