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A necessidade da buzina

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Tenho pavor de buzina de automóvel e horror de foguetes. Ou seria o contrário? Pavor de foguetes e horror de buzina? Não sei qual vem primeiro, só sei que detesto os dois.  Mas, nesta oportunidade, quero falar somente da buzina. Isto porque sempre achei o uso desse artefato totalmente desnecessário. Ele é antiquado e geralmente mal utilizado.

Eles surgiram sob demanda quando os primeiros automóveis, que tinham freios sofríveis, precisavam muito da buzina para prevenir os pedestres da sua passagem. Evoluíram bastante e hoje existem algumas que podem até matar de susto os pedestres desavisados. Eu mesmo já fui vítima de uma delas.

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Tempos atrás, numa cidade vizinha, eu andava distraidamente pela calçada quando cismei de atravessar a rua. Ao pisar o asfalto uma buzina infernal, daquelas a ar, muito estridente e em altíssimo volume, disparou e me fez estacar imediatamente, enquanto o coração disparava. Não havia ouvido o ruído do motor da motocicleta que passava em alta velocidade e que quase me atropelou.

Hoje em dia, muita gente confunde o uso da buzina com outras ações necessárias durante o ato de dirigir. Em muitas oportunidades ela substitui a prudência e o cuidado dos motoristas. Muitos deles buzinam na esquina para abrir caminho, quando deveriam parar e olhar, como se o ruído fosse capaz de remover qualquer obstáculo que possa surgir à sua frente.

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E a usam também para substituir um simples aceno de mão e como expressão da alegria individual. Pra comemorar o gol do time de coração e para sacanear o idoso que atravessa a rua. Para espantar o cachorro, que não entende a mensagem, e para irritar o outro motorista que também está com pressa de chegar em casa. Já foi usada até para paquerar a menina que caminhava pela calçada. Coisa, felizmente, meio fora de moda.

É importante lembrar que o uso indevido do equipamento é uma infração prevista no Código Nacional de Trânsito. Por exemplo, quem usa a buzina de forma prolongada e sucessiva por qualquer motivo e nos locais proibidos por sinalização (hospitais, escolas, prédios públicos em geral) pode ser multado. E também quem o faz no horário compreendido entre 22 e 6 horas.

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Mas, Deus do Céu, tenho que admitir, se não fosse a buzina dia desses eu poderia ter atropelado um adolescente. Ele ameaçou atravessar a rua, sem olhar para os lados, enquanto se divertia ao celular. Eu previ o seu ato e buzinei, porque não conseguiria parar o carro a tempo de evitar o abalroamento no caso dele decidir descer da calçada para cruzar a pista.

Ele freou e eu também. O freio dele foi mais eficiente, evitando o acidente. Acho que por causa da buzina, ambos fomos salvos de uma grande complicação. E creio que, nesses tempos em que as pessoas caminham pelas ruas utilizando aparelhos de telefone celular ou tablets, a buzina será cada vez mais necessária. Lamentavelmente!

Um avanço tecnológico fabuloso, hoje ao alcance da maioria das pessoas, traz de volta o uso de um objeto antigo e incivilizado. Ou seja, o uso do celular na rua, sem o devido cuidado no trânsito, está trazendo de volta o uso constante da buzina dos automóveis.

Aqui dá para fazer um pequeno e óbvio exercício de futurologia, prevendo que os aparelhos celulares serão cada vez mais utilizados na rua e, por conseguinte, as buzinas dos automóveis também. Muitas cidades estão liberando o sinal de internet em suas praças e ruas, democratizando a informação e incentivando o uso de aparelhos móveis nas áreas públicas.

Se são extremamente louváveis, pelo fato de popularizar o uso da internet, por outro lado tais atitudes aumentam o risco de acidentes. O problema é agravado porque nos carros que circulam pelas ruas muitas vezes os motoristas também utilizam o telefone celular ou o aparelho de “GPS” enquanto dirigem.

Enfim, teremos que utilizar cada vez mais a paciência para circular de carro no ambiente urbano observando as normas de segurança para os pedestres. Apesar disso, nunca vou me acostumar com os ruídos produzidos pelas buzinas dos automóveis, embora eles tenham se tornado absolutamente necessários nesses novos tempos, da mesma forma que os telefones móveis.

Sempre acreditei que o uso da buzina não é coisa de gente civilizada. Se todas as pessoas simplesmente fizessem a sua parte e respeitassem o espaço alheio, não precisaríamos da buzina, nem dos gritos, nem dos tiros que acontecem de vez em quando nas ruas. Enfim, não teríamos tantas brigas de trânsito, inclusive algumas provocadas pelo uso da buzina.

*José Nário é escritor, engenheiro florestal, especialista em Informática na Educação, Gestão Ambiental e Educação Inclusiva e autor dos livros “Lelezinho, o pintinho que ciscava pra frente e andava pra trás”, “Lelezinho vai à escola” e “Minha janela para o nascente”.

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