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Poços de Caldas

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Artistas protocolam carta em protesto a fala de vereador

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O ator Clisthenis Betti entregou carta na Câmara.

Um grupo de artistas poços-caldenses se reuniu na Câmara durante a sessão desta terça-feira (20) para protocolar uma carta destinada aos vereadores. A ideia surgiu depois que Ricardo Sabino (PSDB) fez uma postagem em seu perfil do Facebook que repercutiu negativamente. Referindo-se a uma reportagem feita pelo Uol sobre a apresentadora de TV Eliana, que se afastou do trabalho em razão da segunda gravidez, o parlamentar escreveu: “Não se aproveita quase nada do que a maioria dos artistas diz e faz em suas vidas vazias e fugazes. Mas esse depoimento da apresentadora Eliana é digno de ser postado”.

Imediatamente, artistas locais criaram um evento em protesto à fala de Sabino. Segundo o ator de teatro Clisthenis Betti, os comentários feitos pelo vereador ofenderam a classe.”A gente ficou extremamente ofendido com o termo ‘vazio e fugaz’. Por mais que ele tenha tentado consertar dizendo que pensou em artistas famosos, são artistas do mesmo jeito, somos todos. A pessoa pública tem que tomar muito cuidado com o que ela posta nas redes sociais. Em 2011, quando tivemos problemas com a Charanga dos Artistas, os vereadores nos acolheraram, foram unânimes em nosso favor. Então, quando a gente vê um vereador com um discurso diferente, temos que discutir e debater. Isso não pode acontecer. Ele é o representante do povo, nosso representante”, afirmou.

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No entanto, ele afirma que a atitude não é somente um repúdio aos comentários de Ricardo, mas uma forma de levar vereadores a conhecer e apreciar o trabalho de artistas locais. Num trecho do documento enviado à Câmara, eles fazem um apelo: “Pedimos que nossos representantes na Câmara dos vereadores olhem com atenção por nossa arte, participem de reuniões, ajudem nos questionamentos para que, juntos, solucionemos questões relacionadas ao tema. Temos uma população de quase 200 mil pessoas e a arte não atinge nem 1% dela. Prova disso é testemunharmos sempre teatros, exposições, feiras de artesanato e eventos culturais quase vazios. Fala-se muito em descentralizar a arte, mas ainda nem a centralizamos, ainda não trouxemos nossos cidadãos para dentro do teatro, museus e eventos culturais que promovemos”.

Segundo a assessoria de imprensa da Câmara, a carta escrita pelos artistas estará na ata da próxima reunião do plenário.

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Resposta

Poços Já também voltou a falar com o vereador Ricardo Sabino, que já havia se desculpado com os artistas locais em seu perfil no Facebook e na tribuna da Câmara Municipal.

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A publicação polêmica foi editada pelo vereador. Ele afirmou que não era contra a decisão dos artistas locais em se manifestar. “Toda manifestação é legitima, principalmente porque não houve intenção da minha parte em prejudicar, ofender ninguém. Já fiz uso da tribuna exclusivamente para pedir desculpas, além da nota de esclarecimento que fiz no Facebook, e de ter editado meu texto, que deu margem para uma interpretação errônea. O que preciso deixar, mais uma vez claro, e reafirmar, é que eu apoio, admiro e incentivo qualquer tipo de arte”, pontuou.

Leia a carta na íntegra:

Ao Exmo Presidente da Câmara Municipal dos Vereadores de Poços de Caldas, Sr. Antônio Carlos Pereira.

Nós, artistas de Poços de Caldas, aqui representados pelo conselheiro Thiago Boletta, representante das Artes Cênicas, viemos demonstrar nosso profundo descontentamento e decepção pela postagem do vereador Ricardo Sabino, no dia 04 de Junho de 2017 ,em sua página da rede social Facebook.

Por mais que seu pronunciamento tenha sido feito em sua página pessoal do Facebook, atingiu aos artistas em geral, gerando muitos questionamentos.

Ao tentar elogiar uma decisão da apresentadora Eliana, do canal SBT, ele inicialmente diz que “não se aproveita nada do que a maioria dos artistas dizem e fazem em suas vidas fugazes e vazias“.  Ao tentar consertar, o vereador nada melhora em seu discurso, dizendo que se referia aos artistas famosos. Bem, sabemos das lutas dos artistas famosos ou anônimos para que nossa democracia fosse restabelecida. Desnecessário citar aqui, pois a História nos conta como esses brasileiros transbordaram e se eternizaram no passado do nosso Brasil.

Artistas são pessoas como todos os brasileiros, com suas dores e temores, não se pode nivelar a maioria pelas ações de alguns. E mesmo esses alguns, têm seus tormentos para enfrentarem todos os dias. Muitos quando se referem a artistas, se esquecem que são trabalhadores e que estes também constroem este país. Por mais que muitos os desprezem, não conseguem ficar sem ouvir músicas, cantarolar, vê-los no cinema ou televisão.  Arte é parte da vida.

Partindo do exposto, pedimos que nossos representantes na Câmara dos vereadores, olhem com atenção por nossa arte, participem de reuniões, ajudem nos questionamentos para que juntos solucionemos questões relacionadas ao tema. Temos uma população de quase 200 mil pessoas e a arte não atinge nem 1% dela. Prova disso é testemunharmos sempre teatros, exposições, feiras de artesanatos e eventos culturais quase vazios.

Fala se muito em descentralizar a arte, mas ainda nem a centralizamos, ainda não trouxemos nossos cidadãos para dentro do teatro, museus e eventos culturais que promovemos.

Recentemente a vereadora  Ciça, do PT, fez muitos questionamentos a nosso favor, é esta conduta que esperamos – que lutem conosco assim como lutam por outras -, o caminho e a fórmula já conhecemos, mas em conjunto fomentaremos a nossa cultura.

Outro fato que tomamos conhecimento recentemente é o que está acontecendo em nosso Ministério da Cultura. Lutamos tanto para que nossa cidade estivesse incluída no Sistema Nacional de Cultura e até agora não vimos resultados, precisamos que as ações sejam de baixo para cima, começando nas cidades para que chegue com força lá em cima.

Estamos cansados de ver a cultura ser a primeira a ser cortada.

Aqui em Poços de Caldas, cada vez que fazemos um contrato com a prefeitura, nos pedem dezenas e mais dezenas de papéis, não seria mais cômodo e mais sustentável que nossa Secretária de Cultura já tivesse um banco de dados e o acessasse quando vão nos contratar?

Cada vez que nos contratam, dificultam mais ainda a forma. Antes fazíamos diretamente com uma Associação, depois tivemos que tirar o MEI, e agora estamos nos tornando Micro Empresários, qual o motivo de tanta burocracia para nos contratar?

Está difícil até para divulgarmos nossos trabalhos, não podemos mais distribuir panfletos na Rua Assis Figueiredo, que era a única forma que conhecíamos, pois  cartazes, não há lugares para colocarmos, e o carro de som não pode mais passar pela avenida principal. Se quisermos divulgar nossas peças, temos que fazer com autorização da prefeitura e lá pelos lados do Mercado Municipal. Consideramos muita estranha essa lei, pois em época de eleição ela muda, e todos os candidatos com suas dezenas de cabos eleitorais, estão em todas as esquinas e cartazes e banners por todos os lados.

Segue abaixo alguns questionamentos de Jéssica Balbino, jornalista e produtora cultural.

“Na última sessão, (06/06) um vereador disse que ouviu falar, não se sabe de quem, porquê ele não foi no local, dizendo que os jovens da ‘Batalha do Palace’ falam muitos palavrões  durante o duelo de rimas realizado na Boca do Leão, em frente às Thermas Antônio Carlos. O vereador fez uso da tribuna, sem sequer saber do que estava falando, para deslegitimar um movimento que sequer ele conhece. De acordo com ele, os jovens ofendem a moral e os bons costumes, bem como a família tradicional brasileira, quando falam palavrões”.

Minha questão é: estes jovens fazem as batalhas sem qualquer apoio do poder público, mendigando uma tomada para ligarem uma caixa de som (quando conseguem) e produzem a própria cultura e lazer, numa cidade que não oferece nada – absolutamente nada – para quem vive às margens e na periferia, em termos de diversão. Estes jovens, mesmo com palavrões, fazem o que o Estado deveria garantir, que é proporcionar lazer. Logo, este vereador, ao invés (SIC) de ir à tribuna para deslegitimar um movimento extremamente pacificador e cultural, deveria se perguntar – e agir – sobre como pode ajudar para que isto ocorra em mais dias da semana e em outros locais da cidade.

Outro ponto: a liberação de verbas por parte da prefeitura. Existem alguns eventos/produtores que recebem, além de patrocínio via Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN)  do DME por meio de aprovação na Lei Rouanet,  e também na Lei Estadual de Incentivo á Cultura (o que está correto, claro), patrocínio direto, sem qualquer justificativa. Enquanto isso, outros eventos, do mesmo porte e importância, fazem das tripas coração para acontecer, os produtores se humilham e tudo que recebem como resposta é não. Os vereadores só aparecem nas aberturas, para serem citados pelo cerimonial, mas não se mexem quando o assunto é prestação de contas, e para saber como esta verba é administrada.

 E mais, para que possam contribuir para que grandes eventos, que movimentam milhões, atraiam turistas e assim, beneficiem para que toda comunicação siga acontecendo.”                                                                                                                                                                                      

Desta forma, pedimos para que esta carta seja lida e apreciada na Câmara dos Vereadores com a devida atenção, ouvindo nossos apelos e descomplicando a vida artística que faz desta cidade o que ela é – rica em atrações artístico-culturais, co-responsável pela sua veia turística que faz de Poços de Caldas a cidade que ela é.

Att,

Artistas de Poços de Caldas.



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