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Poços de Caldas

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Um Urbano Mais Humano: Calçada ou Passeio?

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Qual o significado?

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É uma porção da cidade? Faz parte da rua?

Onde estamos nesta parcela da cidade?

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Fazemos parte?

São perguntas frequentes sempre que nos deparamos ao vermos carros sobre o passeio, pessoas tropeçando ao se deslocar de um lado ao outro na cidade, caindo, se machucando nas calçadas, em passeios públicos, ao invés de fazermos aquilo a que o espaço se destina: VIVER e CONVIVER ou VIVER COM as pessoas, em trocas sociais, em diversidade, entre os diferentes.

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Em lugares de iguais não há porque se ter trocas…

Sim, passeio é o lugar que limita aquilo que é de todos, o público, o espaço público.

 

PÚBLICO:

Relativo ou pertencente a um povo;

Uma coletividade;

Que é de todos;

Aberto ou acessível a todos;

Que é comum;

Etimologia:

1ª Pessoa do presente do indicativo do verbo publicar vem do latim publicare: tornar público- fazer ficar visível a todos

Acho que vale a reflexão.

É nesse lugar público, o passeio, onde temos a oportunidade do diferente, do novo, do inesperado.

É o encantador da cidade: a diversidade.

Pensar sobre modernidade, é pensar sobre o seu maior símbolo, Paris. Nos remete a uma Paris específica, a Paris de Baudelaire.

No texto “Baudelaire: fragmentação e melancolia em meio à multidão”, Joselaine Brondani Medeiros (2009), ‘considera Charles Baudelaire, o poeta das cidades e da modernidade. ’

O grande poeta francês, que viu e sentiu o progresso da França do século XIX, fala da cidade e de suas galerias infinitas, cobertas, protegidas da neve e das intempéries e repleta de encontros e desencontros com pessoas diversas.

Para Baudelaire, a cidade é o grande cenário da arte na escrita. A multidão é o grande advento da modernidade.

E pensar que nossa querida Poços de Caldas nos presenteia com o deleite urbano, em suas praças, em seus passeios, na diversidade de uma multidão, no coreto, nas lojas, nas fontes…

Poços é do caminhar, andar por entre pessoas diversas, desconhecidas, daquele que vem de longe, de não sei onde.

O céu limpo da montanha, descortina o sol ardido num azul sem igual. Adoro a praça em dias de sol, que nos traz a sombra das árvores e a música do coreto, não há nada igual.

O grande poeta francês, Charles Baudelaire, na França do século XIX foi um revolucionário para o seu tempo. A cidade e suas galerias infinitas, com pessoas que se encontram e se desencontram constantemente, tornaram-se protagonistas de sua obra.

Para os poetas da tal ‘modernidade’, inclusive a nossa brasileira, encontravam nas ruas os assuntos para suas obras.

E Mário de Andrade, frequentador de Poços no início do século XX nos presenteia com seus poemas em escritos, talvez com olhares dos poços das águas virtuosas.

Charles Baudelaire e Mário de Andrade, por exemplo, olhavam a sua volta e extraíam impressões de situações vivenciadas no dia a dia.

Muitas vezes me sinto como Flaneur, de Baudelaire olhando minha cidade. Talvez o Flaneur existente em Mário de Andrade, esteja em mim ao observar, ver, sentir a modernidade nas paredes que limitam o urbano e que acolhe o estranho em cadeiras nos passeios, ou nos bancos da praça.

Para Walter Benjamin, a “rua se torna moradia para o ‘flaneur’ que, entre as fachadas dos prédios, sente-se em casa tanto quanto o burguês entre suas quatro paredes” (BENJAMIN, 1989, p. 35).

Mário de Andrade, em Lira Paulistana:

(…)

O bonde abre a viagem.

No banco ninguém, Estou só, ‘stou sem.

Depois sobe um homem,

No banco sentou, Companheiro vou.

O bonde está cheio,

De novo, porém, Não sou mais ninguém.

(…) (ANDRADE, 1976, p. 334)

Mesmo relatando sobre a urbanização em ritmo acelerado de São Paulo, Mário de Andrade fala do contato com gente estranha entre si, misturando-se ao povo, num estar público em meio à multidão que se formava na metrópole paulistana.

Poços, em época de temporada, se fazia um ‘pedaço’ da metrópole, e assim como o Flâneur de Baudelaire, Mário de Andrade misturava-se ao povo, sendo mais um na multidão.

“O bonde está cheio,

De novo porém

Não sou mais ninguém”

 (ANDRADE, 1976, p. 334).

Sendo assim, penso o que temos hoje. Onde estamos em meio à multidão no urbano? Temos passeio?

Só ouço falar sobre calçamento… sobre os buracos da calçada. E me deparo com outro lugar, sem gente, abandonado, as vezes inexistente: a calçada.

Convivemos entre os iguais ou entre os diferentes? Estamos dispostos a enfrentar o diferente? Aceitamos? Onde?

No lugar do público, passeamos pela calçada ou pelo passeio?

A calçada não tem nada a ver com o passeio.

Calçada vem de calco, de calço, por isso calçamento. É uma palavra derivada de calcar, ou pressionar esmagando com os pés. Uma expressão muito dura para o espaço do encontro, da troca social, do deleite urbano, um lugar para participar do público.

Não. Esse espaço nobre não pode ser somente calçamento. Deve ser uma parcela da humanidade.

Andar na parte da rua que é destinada a humanidade, ao que é humano, à parcela que foi dividida em 3 partes.

Aquele lugar destinado ao passeio público, limitado pelas paredes do espaço privado da casa, edificio, loja, enfim… que convivendo com a velocidade cada dia maior dos automóveis, se divide em três partes, duas destinadas ao caminhar, ao deleite público, ao encontro, ao passeio pelo urbano e uma parte central destinada ao veículo, que passa rápido, que só tem um destino, chegar.

O calçamento se destina ao espaço que tem um único objetivo: chegar, e, portanto, deve ser liso e facilitar o escoamento, é a rua.

Então rua e passeio têm objetivos diferentes, mesmo dividindo o esse espaço de origem, no entanto com destinos bem diferentes.

Enquanto a rua se destina a chegar, o passeio é o estar, o ficar, o se comunicar e viver, ou viver com outros, com diferentes, é o lugar nobre do deleite urbano.

Devemos nos ocupar dos espaços de deleite, da troca social, parcela da humanidade no espço de todos.

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