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O fogo que queima Brasília

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Três ministérios incendiados e exército nas ruas em uma quarta-feira de maio que poderia ser somente mais um dia, mas termina por ser um primeiro marco de reações mais severas da população civil em resposta às chacotas rotineiras que a política brasileira insiste em nos oferecer com frequência ampliada, de pouco tempo pra cá. Romero Jucá berra em seu microfone comodamente instalado, no seio da maior bandidagem organizada do país, que bandidos são os jovens do lado de fora. Rodrigo Maia destemperado diante da pressão de parte da Câmara que rejeita as tais forças armadas “defendendo” a ordem e a lei. Qual lei? A Constituição que já foi atirada ao lixão há tempos, junto com a entrada de um presidente ilegítimo através de um golpe nem lá tão branco? A legislação trabalhista e previdenciária do país, que já capengava ao ser posta em prática, como toda lei que se cria para tentar defender trabalhador no seio do capitalismo, como se fosse possível proteger completamente alguém que está sujeito ao que verdadeiramente rege esta sociedade, o capital?

Em que pese a transmissão midiática hegemônica das notícias no Brasil, que todos sabemos ser controlada por empresas bastante interessadas em manter o poder econômico nas mãos da elite, nos fazendo duvidar do conceito de concessão pública dos canais de TV, é bastante visível o avanço e organização da militância que se articula em favor da derrubada de um presidente que não foi eleito e que jamais será e do desmonte de reformas que fazem do golpe um ato contínuo e vergonhoso de retirada de direitos da população e retrocesso dos poucos e já rastejantes avanços duramente sonhados pelos grupos minorizados no Brasil. Falar em organizações políticas diversas que têm se articulado na luta por um país ao menos um pouco mais justo é necessariamente falar em organizações juvenis, essa categoria que nos tem sido tão cara para a militância atual.

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Presenciamos as adolescentes secundaristas lutando bravamente e organizando as ocupações em reação à tal Reforma do Ensino Médio, que obviamente gera retrocessos imensos na grade curricular da escola pública brasileira, demonstrando que o governo não tem a mínima responsabilidade com estudantes e precarizando ainda mais o magistério no país. Essas meninas se organizaram de tal forma a impulsionar travamentos históricos na Rede Educacional em grande parte do estado de Minas Gerais e trazendo ao debate a comunidade escolar e a Academia. Antes das ocupações, as intervenções feministas em torno da diferenciação dos uniformes em colégios públicos, como o Dom Pedro no Rio de Janeiro, já geraram mudanças importantes em situações cotidianas que antes sequer eram discutidas.

Jovens ligados às organizações juvenis pressionam as greves em suas Universidades, paralisam as aulas e provocam reações em série no ensino público superior. A juventude organizada em diversos coletivos foi quem se posicionou diante do Congresso juntamente com a comunidade indígena no 28 de abril emblemático e foi a mesma que ontem conseguiu desestabilizar a suposta ordem do teatro político corrupto brasileiro.

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Mas o que esses jovens militantes nos mostram incendiando Brasília literalmente, à luz do dia e mesmo em embates de tanta repressão? Será que estamos conseguindo ler o que a juventude tem nos dito sobre o cenário atual do Brasil e suas expectativas políticas? O que, como sempre, os jovens conseguem enxergar antes de nós e agir em resposta ao que tanto lhes dói e que deveria também sangrar em cada um de nós, na medida em que cada direito nos é retirado, em que cada letra da Constituição é rasgada e jogada fora mediante interesses de grandes empresários e a cada vez que o desgoverno mostra ainda mais sua cara torpe de corrupção?

A juventude brasileira tem colocado em prática o que tanto discursamos, que não é possível nos derrotar se estivermos juntos, que não há exército ou policiamento suficiente para parar a todos, que o governo é que está nas mãos do povo e não o contrário e, em que pese ainda algumas organizações sindicais e de trabalhadores que insistem em reafirmar pactos sociais que só consolam quem não consegue enxergar que o caos que agora vivemos também é graças a tantas concessões, cartas, ajustes e acordos, graças às coligações, às articulações, aos meio termos, à quase esquerda.

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Incendiar Brasília não é apenas um ato simbólico, é um ato prático de demonstração de que o governo está insustentável e que só para em pé porque é instrumento de manutenção de um pacto de entrega do país aos empresários. Isso já foi dito, redito, ouvido e enjoado nas delações atuais. Ninguém sai de casa para ser bandido em Brasília, com exceção dos políticos que fazem questão de deter para si esse privilégio, movimentando imundamente a política institucionalizada para atender a interesses pessoais e de categorias de poder econômico instaladas no Brasil como uma praga enraizada.

Ao contrário, as últimas manifestações nos mostram mais que isso, nos apontam para a possibilidade de união em massa e talvez, como o espírito que impulsiona todo desejo de revolução, nos vislumbra a possibilidade de algo novo que vem calcado em todas as demonstrações que estamos tendo de que a política representativa não nos representa de fato, já que claramente seus limites e sujeiras nos têm sido escancaradas dia a dia, à medida em que avança a crise política. Assim, o medo que causam as manifestações como as de ontem para quem está no poder, e não falo somente de poder político, mas de detenção do capital econômico, é o medo real de que a juventude brasileira entregue ao seu povo o que lhe é de direito, o poder nas mãos da classe trabalhadora.

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