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Poços de Caldas

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Até quando abusarão da nossa paciência?

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Acabo de completar 73 anos de idade. Quase ¾ de século. Lembro bem dos meus 20 anos, em 1964, quando o país vivia momentos conturbados, com grandes dificuldades econômicas e uma enorme instabilidade política. Servia ao Exército naquela ocasião – no CPOR – e, de longe, acompanhava as movimentações estudantis e dos sindicatos (em crescimento) que, por pressões internas e externas, almejavam transformar o país numa república sindicalista. Lembro bem do discurso do então presidente João Goulart em frente à Central do Brasil e do movimento dos cabos e soldados da Marinha e do enorme esforço do Almirante Aragão em sublevar as tropas dos Fuzileiros Navais. Deu no que deu.. Foi bom ou não? Ainda é cedo para se avaliar esse fato histórico.

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O certo é que os tempos mudaram. Mais de 50 anos já se passaram, ou seja, mais de meio século. Estabeleço parâmetros de comparação entre o Rio daquela época e Poços de Caldas no mesmo período. Existiam poucos canais de tv, alguns matutinos e vespertinos como O Globo, Última Hora, Diário de Notícias, Correio da Manhã e Tribuna da Imprensa no Rio e a Folha o e o Estadão em São Paulo. As rádios eram algumas poucas como a Rádio Nacional, Mayrink Veiga e Tupi como as mais ouvidas. Essa era a mídia da época. Nada mais. Lançar uma edição extra como costumava fazer Samuel Waigner, dono da Última Hora, era um ato de heroísmo e de destreza jornalística. A pobreza era um estado latente, principalmente no nordeste, e a população brasileira tinha seu grande contingente morando na área rural. Nos grandes centros, como no Rio, existiam dois segmentos sociais: os favelados que moravam nos morros que compartilhavam com os ditos suburbanos (hoje moradores das periferias) e a classe média, que com os mais abastados dominavam as áreas mais nobres como Flamengo, Urca, Copacabana, Leblon e outros bairros da zona sul. Não existia a profusão de carros como hoje. Eram os importados de marcas famosas como Cadilac, Oldsmobil, Chevrolet Bel Air. O povo andava de bonde ou lotação (um micro ônibus onde o motorista era também o cobrador). Esse era o Brasil de 1964 com suaves nuances de progresso. Poços, pelo que contam os seus nativos, não era muito diferente.

Foi pela fraqueza de um político desmotivado como João Goulart que as forças mais atuantes conseguiram crescer com Julião no nordeste e Brizola no centro-sul agitando as massas. Na virada de março para abril, um general indisciplinado partiu de Juiz de Fora com sua tropa em direção ao Rio de Janeiro com o intuito de colocar ordem na casa, contrariando diretrizes  superiores (lideradas por Castelo Branco). Deixei de falar no suicídio de Getúlio, posse do Café Filho, renúncia de Jânio Quadros, parlamentarismo e outros episódios históricos que poderiam fundamentar essas minhas parcas observações.

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Onde quero chegar devem estar perguntando alguns leitores. No saber do nobre amigo Fontella diria que “ revertere ad locum tuo”. Ou seja, estamos voltando ao local de origem…

Não vejo com bons olhos o processo politico em curso. O atual presidente, Temer, parece estar fascinado com a TV, aparecendo diariamente como se fosse a Neide Aparecida (os mais jovens não sabem quem é…). Foi até no programa do Datena…  Um bom número de políticos age, no Congresso, acovardado com as possíveis denúncias de participação em atos de corrupção, procurando legislar em causa própria e jurando inocência extrema. Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul estão literalmente quebrados devendo bilhões. O déficit na  Previdência Social passou a ser o vilão de tudo isso, mas deixam de cobrar o que se lhe é devido (muito mais do que o valor da dívida). O Brasil parece ser Londres bombardeada pelos alemães na 2ª guerra. Dezenas de bombas eram despejadas na cabeça dos londrinos diariamente. A delação dos marqueteiros de Lula e Dilma é mais uma que está caindo… O estrago que dará será sem precedentes diante de tantos fatos minuciosamente declarados.

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Parafraseando as Catilinárias só nos resta dizer até quando abusarão da nossa paciência… A verdade maior é que já tem gente aquartelada só aguardando os acontecimentos e começando a perder a paciência… Entendam como acharem mais conveniente…

*Léo Bougeard nasceu no Rio de Janeiro e estudou Ciências Políticas na Europa em 1965. Formado em Direito, foi conselheiro para o comércio exterior da Bélgica por mais de dez anos, cidadão honorário de Poços de Caldas e ex-Secretário de Turismo. Escritor e editorialista (lbougeard@yahoo.com.br).

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