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Poços de Caldas

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Velhos Carnavais… Novos tempos

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Efetivamente o Carnaval não é, e nunca foi, a minha praia. Nos dias de folguedo aproveitava uma praia para praticar um “jacaré” (não tinha nada de surfar…). Em vista do problema ocasionado pela falta de prestação de contas da AESB, aqui em Poços de Caldas, com o cancelamento do desfile das escolas de samba, talvez seja interessante falar dos velhos carnavais. Ainda lembro dos desfiles dos corsos, principalmente dos Tenentes do Diabo, Democráticos, Fenianos e tantos outros que ocupavam a Avenida Rio Branco, no Rio, repleta de confetes e serpentinas. O uso da lança-perfume era liberado e o alvo principal eram as pernas das meninas. Rodoro era a marca preferida. Durante muito tempo o Rei Momo fez parte do Carnaval carioca mas a figura principal surgiu em 1933 quando alguns jornalistas do jornal A Noite criaram um boneco de papelão que chamaram Rei Momo I e Único, esculpido pelo artista Hipólito Colombo. Em 1934, o jornal decidiu passar o rei para carne e osso, sendo consenso que devia ser alguém alegre, bonachão, bem falante e com cara de glutão. O eleito foi Moraes Cardoso, cronista de turfe na redação do mesmo jornal, que prontamente concordou. Pedida a opinião ao maestro Sílvio Piergilli do Teatro Municipal sobre a indumentária do futuro rei, este, ao saber o físico do escolhido, não teve dúvidas em entregar a vestimenta do Duque de Mântua, personagem da ópera de Verdi, Rigoletto. E assim, entre os gritos de saudação de “Vive le Roi!” pelos  repórteres, linotipistas, contínuos e faxineiros, nascia o primeiro Rei Momo genuinamente carioca e brasileiro.

Moraes Cardoso foi coroado como rei do Carnaval por quase 15 anos, de 1934 a 1948. Até ao seu falecimento, participou dos desfiles carnavalescos onde era ovacionado com muitas serpentinas e confetes, além de sempre ser cumprimentado com um “Vive le Roi!” (Viva o Rei, em francês), tanto pelos amigos de redação quando pelos foliões.

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A importância do Rei Momo para a cidade do Rio de Janeiro era tão respeitada pelo fato de que vários prefeitos, nos primeiros dias do carnaval, entregavam as chaves da cidade ao Rei Momo, como se, a partir daquele momento, quem governasse a cidade não era mais o prefeito, mas ele, o Rei Momo. Essa tradição perdura até hoje e Poços de Caldas não foge à tradição.

Hoje, o Rei Momo se faz acompanhado da Rainha do Carnaval e das princesas. Mas não era assim. O primeiro Rei Momo era sempre ladeado por dois pagens, também fantasiados. Os primeiros foram dois jovens, que tinham recém-chegados da França, com seus pais, em 1928. Rogerio e Roberto, gêmeos univitelinos, foram meus conhecidos, e como! Rogerio era meu pai e Roberto meu tio. Os desfiles de carros começavam na Praça Mauá e iam até a Urca. Todos enfeitados por serpentinas. Era tanta serpentina que os carros desapareciam naquele colorido. E no carro da frente, aplaudido pela multidão lá estavam, junto ao Rei Momo, os irmãos Bougeard… Sei que aproveitaram bastante as festividades momescas, mesmo com tenra idade e frequentavam todos os bailes sem qualquer problema.

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As escolas de samba não tinham, naquela época, a importância que hoje possuem. O bloco do Bola Preta, com sede próxima ao Teatro Municipal, levava milhares de foliões pelas ruas do centro do Rio. Era samba no pé e nas ruas. Só mais tarde surgiram os bailes fechados, nos clubes, onde os mais famosos eram o Baile do Municipal, dos Artistas , no Monte Líbano e no  Sírio Libanes.  Dentro de alguns anos tudo isso será apenas parte de um passado. Mas deixo aqui umas lembranças daquela época para que os mais saudosistas possam, ainda, recordar dos velhos carnavais.

 

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O primeiro Rei Momo oficial com os dois pagens no palanque

 

Uma foto com dedicatória do primeiro Rei Momo Moraes Cardoso.

 

Foto publicada no jornal A Noite com o Rei Momo I e Único com os dois pagens na 4ª feira de cinzas, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

 

*O autor nasceu no Rio de Janeiro e estudou Ciências Políticas na Europa em 1965. Formado em Direito, foi conselheiro para o comércio exterior da Bélgica por mais de dez anos, cidadão honorário de Poços de Caldas e ex-Secretário de Turismo. Escritor e editorialista.

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