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O circo dos bichos e o fechamento dos zoológicos

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jose-narioVai longe o tempo em que os circos que perambulavam pelo interior do país exibiam leões, tigres, elefantes e zebras pelas ruas para chamar atenção para os seus pobres espetáculos. Tá certo que os felinos eram meio desdentados e os elefantes já meio corcundas e mancos. Na maior parte das vezes as zebras eram simples mulas velhas, pintadas com listras para se parecerem com os animais africanos.

O certo é que, de longe, ficavam bem parecidas. Afinal, ninguém sabia se a zebra era um bicho branco com listras pretas ou um bicho preto com listras brancas. E acho que ninguém sabia também quantas listras a zebra tinha. Assim…

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Mas havia um problema: não podia chover enquanto a zebra desfilava pelas ruas. Se isso acontecesse, o belo e curioso bicho africano se transformaria imediatamente, voltando à sua condição natural de mula velha brasileira. Coitadamente sem nenhum atrativo.

Os bichos de circo, na maioria das vezes, eram usados apenas como chamariz, não participando diretamente do espetáculo. Mas isso não diminuía a condição de exploração irracional em que eles viviam, expatriados e com total privação da liberdade. Além, é claro, de passar fome e outras necessidades, nas suas minúsculas e imundas jaulas.

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Mas outras crueldades eram cometidas naquela época. Por exemplo, a alimentação dos bichos do circo, muitos deles carnívoros, geralmente era conseguida trocando-se ingressos por comida com a criançada da vizinhança. Você sabe, o cardápio era composto de cães e gatos que vagavam pelas vias das cidades ou os animais de estimação de vizinhos descuidados.

Com isso, muitos desses pobres bichinhos viravam lanche dos leões e tigres. Os animais domésticos abandonados eram caçados desesperadamente pelos garotos que assistiam a quase todos os espetáculos do circo. Pelo menos enquanto houvesse cachorros vadios pelas ruas.

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Era uma terrível crueldade, mas a população até gostava da solução, que acabava com os animais vadios soltos pelas vias públicas. Só aconteciam protestos quando começavam a sumir os bichinhos de estimação dos moradores vizinhos do circo. Quando escasseava a alimentação dos bichos o circo mudava de cidade.

Mudando um pouquinho o rumo da conversa, meses atrás eu li em algum lugar que o parque zoológico da cidade de Buenos Aires, capital argentina, foi fechado definitivamente. O local era conhecido por oferecer a oportunidade para os visitantes serem fotografados ao lado de leões, tigres e outros animais. Descobriu-se posteriormente que eles dopavam os animais para obter essas fotos.

Mais recentemente anunciou-se a extinção de um parque semelhante na cidade de Toronto, na Província de Ontário, Canadá.O local fornecia animais “amestrados” para filmes e circos. Este reserva uma particularidade: foi fechado por falta de público, depois de denúncias de maus tratos aos animais.

Fiquei animado com esses fechamentos. Talvez isso sirva de exemplo para outros grandes zoológicos de outras partes do mundo, inclusive aqui no Brasil.

No último ano ouvimos várias notícias sobre animais abatidos por causa de invasão de seus espaços no cativeiro, em várias partes do mundo. No Brasil aconteceu com a onça Juma, mascote do exército brasileiro em Manaus que, após participar (?) de uma ridícula cerimônia com a tocha olímpica, tentou fugir e foi abatida a tiros, antes do início da olimpíada.

Um verdadeiro absurdo. Nem a tocha olímpica nem a onça deveriam estar naquele local. A tocha, pela total inutilidade dessa imensa asneira de passear pelo país, gastando dinheiro – público ou privado – nesses tempos de aguda crise econômica. A onça pela sua condição de animal selvagem, embora vivesse em cativeiro desde filhote.

Outro caso recente de fechamento foi com o zoológico do Rio de Janeiro que, depois de três meses, conseguiu uma liminar na justiça e reabriu suas deploráveis instalações. A nova administradora do local se comprometeu a gastar uma quantia considerável e restituir as condições exigidas para,conforme suas próprias declarações, o conforto mínimo dos animais.

Apesar disso, o melhor mesmo seria o fechamento definitivo. Pois não há conforto que substitua as condições naturais de vida de cada um desses animais, muitos deles exóticos, vivendo muito longe do seu habitat.Além disso, tais locais são os grandes incentivadores da caça ilegal e do contrabando de espécies raras pelo mundo todo. Fato que contribui enormemente para o perigo de extinção de várias dessas espécies.

*José Nário é escritor, engenheiro florestal, especialista em Informática na Educação, Gestão Ambiental e Educação Inclusiva e autor dos livros “Lelezinho, o pintinho que ciscava pra frente e andava pra trás”, “Lelezinho vai à escola” e “Minha janela para o nascente”.

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