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“Não fiquei feliz com a volta da direita nem triste com a saída do PT”, comenta Ricardo Senegal

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Ricardo Senegal foi candidato a prefeito pelo PSOL nas eleições 2016.
Ricardo Senegal foi candidato a prefeito pelo PSOL nas eleições 2016.

Depois de uma campanha modesta, Ricardo Senegal tem o que comemorar. Conquistou o respeito dos eleitores com propostas simples, sem verba para campanha e com um grupo pequeno de apoiadores. Foram 1.773 votos, um número expressivo para quem tinha apenas 13 segundos na propaganda eleitoral gratuita.

Em entrevista ao Poços Já, Senegal fala sobre o futuro político, diz que o PT não representa mais a esquerda, que vai fazer “oposição inteligente” ao prefeito eleito e explica o que seria uma gestão socialista na prefeitura. Leia na íntegra:

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Poços Já: Como você avalia a sua campanha para prefeito?

Ricardo Senegal: Avalio de forma muito positiva, em termos de porcentagem é aquilo que nós esperávamos mesmo. Foi uma campanha vitoriosa, não no sentido de votos, mas no sentido de que conseguimos passar nossas ideologias, nossas bandeiras, suscitar certos debates.

Poços Já: O PSOL teve um destaque maior nessas eleições, em comparação com as anteriores. Foi necessário reorganizar o partido?

Ricardo Senegal: Essa reorganização se deu no começo do ano, nós conseguimos reorganizar realmente o partido. Eu prezo muito a palavra “liberdade” do PSOL. Nós tínhamos no começo algumas pessoas que tentaram fazer alianças brancas dentro do partido. Eu, como representante, porta-voz e escolhido para ser candidato, não aceitei isso e algumas pessoas se dissiparam. Mesmo assim eu permaneci com um pequeno grupo junto comigo e consegui. Algumas pessoas ficaram do meu lado e outras foram chegando, a gente conseguiu levar uma campanha modesta, simples, até o final.

Poços Já: Vocês chegaram a conversar com outros partidos antes de lançar candidatura própria?

Ricardo Senegal: Nós chegamos a conversar com o pessoal da Rede Sustentabilidade, com o professor Flávio. Foi uma conversa bastante ampla, tivemos também uma conversa com o próprio PT. Mas decidimos seguir em frente sozinhos, pois se nós nos coligássemos, tanto com o PT como com a Rede, nós fugiríamos da nossa essência, visto que esses partidos hoje em dia são muito pragmáticos e o PSOL é um partido mais ideológico.

Poços Já: O PT não representa mais a esquerda?

Ricardo Senegal: Não, pelo menos nesse momento. Naquela conjuntura e agora também há não representa mais. Hoje nós somos um partido mais ideológico e o PT infelizmente se perdeu em pragmatismo e sofre as consequências nos dias de hoje.

Senegal recebeu mais de mil e setecentos votos.
Senegal recebeu mais de mil e setecentos votos.

Poços Já: O que você percebeu durante a campanha, passando por toda a cidade?

Ricardo Senegal: Eu pude perceber que Poços de Caldas vai muito além dos cartões postais e dos cenários de novela. Poços hoje não tem aqueles grandes bolsões de pobreza, mas nós temos uma pobreza bastante pulverizada, pude notar isso. A falta de um plano diretor bem estruturado eu também vi, que precisa ser pensado na cidade também.

Poços Já: Como superar a falta de tempo no rádio e na TV?

Ricardo Senegal: Essa mini reforma eleitoral feita pelo Eduardo Cunha realmente prejudicou muito a nós, os chamados, entre aspas, de partidos pequenos, e privilegiou os partidos grandes. Mas pudemos perceber que a imprensa de Poços , seja ela escrita, televisiva ou o rádio, também deu muito espaço para nós e de certa forma deu para passar um pouco das nossas ideias, das nossas propostas.

Poços Já: E você também cresceu nos debates.

Ricardo Senegal: Os debates também ajudaram muito, deram bastante visibilidade, foram um divisor de águas. Podemos falar que nossa campanha foi antes e depois dos debates. Até então a gente era visto como mais um candidato caricato, que existe por aí, e passamos a mostrar um pouco mais a nossa postura e a forma como nós conduziríamos a campanha até o final.

Poços Já: Até então, os candidatos pequenos não eram respeitados.

Ricardo Senegal: Não eram respeitados porque eram candidaturas patrocinadas. Sabemos que candidatos grandes usavam os pequenos para fazer ataques uns aos outros. A gente conseguiu quebrar um pouco, sair dessa linha. Nosso intuito era realmente mostrar as nossas bandeiras, nossas propostas.

Poços Já: O slogan do PSOL diz que esse é um partido necessário. Por que o PSOL é necessário em Poços?

Ricardo Senegal: Porque nós somos muito mais que um partido político, somos um movimento social. A gente atua quando é preciso, na luta realmente do trabalhador. Por exemplo, nós fomos para o Terminal de Linhas Urbanas protestar quando houve o aumento da passagem. Nós fomos para a Câmara Municipal protestar contra uma manobra desastrosa que a atual gestão pretendia fazer, que prejudicaria os professores. O pessoal esteve presente nessas duas ocasiões e realizando rodas de conversa de temas variados como racismo, gênero, sexualidade. Sempre estivemos presentes.

Para Senegal, prefeito Eloísio não buscou avanços para o movimento negro.
Para Senegal, prefeito Eloísio não buscou avanços para o movimento negro.

Poços Já: Como você avalia o prefeito Eloísio, enquanto primeiro prefeito negro eleito aqui em Poços?

Ricardo Senegal: O prefeito Eloísio teve seu mérito pelo pioneirismo de ser o primeiro prefeito negro em uma cidade totalmente conservadora como Poços de Caldas. Mas em termos de engajamento com a causa do negro foi muito pequena a sua participação. Hoje nós temos uma entidade cultural de valorização do negro, que está aí totalmente deteriorada, caindo aos pedaços. Não teve nenhuma intervenção do poder público para tentar arrumar aquela sede. Nós temos a Praça Zumbi dos Palmares, que é um ícone do movimento negro, que também está jogada às traças, vez ou outra que se faz uma capina, uma poda, uma conservação. Eu não vi nenhum envolvimento do prefeito Eloísio nesse sentido. Não tenho nada contra a pessoa dele, o respeito bastante, mas acredito que ele deixou a desejar nesse sentido.

Poços Já: Como está a situação do negro em Poços?

Ricardo Senegal: É a situação em que encontra o negro nacionalmente também, na base da pirâmide. Tem que haver uma conscientização no sentido de uma coesão do negro poços-caldense, e trabalhar políticas públicas onde tem o maior reduto de negros, nos bairros São José e Cascatinha.

Poços Já: O que seria, na prática, uma gestão socialista no Executivo?

Ricardo Senegal: Seria o gabinete itinerante, uma forma do prefeito sair da zona de conforto, do ar condicionado, e estar realmente nas comunidades vendo quais são suas demandas. O conselho dos bairros, que não anularia a presença do presidente do bairro, mas fortaleceria, seria uma forma de dar respaldo de onde seria necessária a intervenção do poder público realmente. Seria uma gestão democrática, que faria uso do orçamento participativo, onde o povo estaria gerindo junto com o prefeito. Dessa forma trabalharia o socialismo.

Poços Já: E o posicionamento do PSOL quanto ao prefeito eleito?

Ricardo Senegal: Eu não posso dizer que fiquei feliz com a direita ter voltado ao poder em Poços de Caldas, mas também não fiquei triste com a saída do PT. Acho que é uma oportunidade do PT se organizar. Ao invés deles ficarem procurando um bode expiatório para a derrota, que possam se reorganizar e voltar à essência do PT, que é a luta pelo trabalhador, e quem sabe no futuro a gente possa caminhar juntos novamente. O posicionamento do PSOL será de oposição à atual gestão, ao Sérgio, mas uma oposição inteligente, não vai ser agressiva de forma alguma. Pretendemos conversar muito com ele e, dentro da nossa ideologia, manter uma oposição séria tanto em relação ao Executivo como o Legislativo. Legislativo, infelizmente, um tanto quanto conservador.

Poços Já: Como fica o seu futuro político?

Ricardo Senegal: Existe uma movimentação junto à regional, estadual do partido, para que em 2018 a gente tenha alguma proposta nesse sentido. São apenas conversas ainda, algumas hipóteses, mas que podem se concretizar no futuro.



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