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Poços de Caldas

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Sulfurosa, de corpo e alma

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Gisele é a responsável por eventos como o Flipoços e o Prêmio Maiores e Melhores.
Gisele é a responsável por eventos como o Flipoços e o Prêmio Maiores e Melhores.

A empresária Gisele Corrêa, que desde 1989 comanda a GSC Eventos Especiais, é rodeada por mulheres. Não há sequer um funcionário do sexo masculino trabalhando no escritório. Ela diz que é apenas uma feliz coincidência.

Na entrevista para o Poços Já, Gisele falou sobre as histórias que a inspiram, o tempo que passou na Suíça, as dificuldades na atual crise econômica e sobre os principais eventos promovidos pela empresa.

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Poços Já: Você é poços-caldense?

Gisele: Sou poços-caldense. Sulfurosíssima, de corpo e alma.

Poços Já: Quando você começou a trabalhar com eventos?

Gisele: Eu trabalho com eventos desde os meus 14 anos. Sempre trabalhei nessa área e, por ter uma ligação forte com essa área de eventos já desde jovem, eu acabei querendo fazer a faculdade voltada para essa área. O curso que eu me identifiquei e vi que tinha esse veio, para essa área, foi o curso de Relações Públicas na PUC.

Poços Já: O que você fazia nesses primeiros eventos?

Gisele: Tinha uma empresa aqui em Poços que prestava serviço de recepcionistas para eventos. Poços sempre teve essa coisa de eventos de negócios. Quando eu comecei a atuar nessa área, com meus 13, 14 anos, jovenzinha, toda bonitinha, foi um começo interessante. Trabalhei com uma amiga, uma grande amiga que na época tinha essa empresa e sempre me convidava para trabalhar de recepcionista, na secretaria dos eventos ou estande de feira.

Poços Já: Você está acostumada a trabalhar com pessoas.

Gisele: Eu gosto muito de gente, muito embora seja difícil. O relacionamento humano está se tornando cada vez mais complicado, especialmente nos dias atuais. Mas eu sempre gostei muito do contato com as pessoas, de comunicar, conhecer, conversar, interagir, sempre fui uma pessoa muito comunicativa, sempre tive facilidade de comunicação.

Poços Já: Qual a sua relação com a literatura?

Gisele: Sempre me encantaram, como me encantam muito até hoje, histórias de sucesso das pessoas, como as pessoas se tornam o que elas são.  O que elas fazem, como elas pensam, qual o comportamento delas, qual a atitude, o que se passa dentro de uma pessoa para não ser nada e de repente se tornar alguma coisa. Não necessariamente de sucesso, mas histórias que motivam a gente a refletir sobre as nossas próprias vidas, nossa próprias fraquezas ou triunfos, o que for. Sempre gostei muito disso.

Poços Já: Quais histórias te inspiram mais?

Gisele: A primeira que me chamou muita atenção foi a história do fundador da Caloi, da bicicleta. Na época, me chamou muita atenção porque, como todas as grandes histórias, dos grandes empreendedores, dos grandes pensadores e, principalmente, dos grandes empresários, a gente vê que essas pessoas geralmente vieram de uma situação muito diversa do que elas são hoje. Normalmente são de famílias muito humildes, pessoas que tiveram dificuldades na infância, na escola, de relacionamento afetivo ou que tiveram dificuldades de relacionamento com o pai ou com a mãe. São pessoas mais anarquistas ou revolucionárias, ou revoltadas com alguma coisa em relação ao sistema. Ou simplesmente porque têm um sonho. As histórias se repetem nesse sentido.

Poços Já: Você prefere ler biografias?

Gisele: Eu li muito, como leio até hoje, biografias. Minha leitura preferencial é sempre biografia. Estou lendo no momento a biografia da Marylin Monroe, que é uma figura também super interessante. Comprei agora recentemente a biografia do B.B. King, que faleceu recentemente. Sou fascinada por blues desde jovem, sempre gostei desse estilo. Li já sobre Cleópatra, que é uma figura também super interessante, sobre a Maria Stuart, sobre rainhas e reis. Também tenho uma ligação muito forte com essa questão de história. Gosto muito de história. Essas personalidades, esses personagens do passado sempre e fascinaram muito. E do presente também, tem muita gente importante. A biografia do Steve Jobs também, que é um cara que sempre me chamou atenção. Isso é uma coisa que sempre me norteou, essa busca, esse conceito de conhecer um pouco como as pessoas são.

Poços Já: O que você fez depois de se formar em RP?

Gisele: Fiz alguns cursos de especialização na área de comunicação mesmo, depois fiz uma pós-graduação na área de administração e depois, com a oportunidade de ter vivido na Suíça por seis anos, consegui aperfeiçoar bem essa questão de organização e realização de eventos. A Suíça, como todos sabemos, é um país rico, que tem uma qualidade de vida muito boa. E, em função disso, as pessoas também têm muito dinheiro para entretenimento, viagem, cultura, informação. Eu morava em uma cidade de 80 mil habitantes que tinha evento praticamente todos os dias. E eventos grandes, local para evento adequado.

Poços Já: Nessa época a GSC já existia?

Gisele: A GSC eu tenho há 26 anos. Então nesse período que eu fiquei na Suíça eu hibernei a GSC e mantive um evento só. Eu morava lá, vinha para cá, ficava três meses aqui, realizada esse evento e voltava. É o Prêmio Maiores e Melhores, que é o evento mais antigo nosso, que completa esse ano 23 anos.

Poços Já: Qual foi esse período?

Gisele: Eu morei pra lá em 1997 e voltei para o Brasil em 2003.

Poços Já: Como você foi parar lá?

Gisele: Eu fui porque o meu marido recebeu um convite. Ele é engenheiro e recebeu um convite para trabalhar em uma empresa Suíça. Eu estava querendo muito fazer uma experiência. Estava jovem ainda, nossa filha era pequenininha. Então, eu pensei: “agora é o momento. Ou a gente vai agora ou não vai mais”. Foi uma boa escolha, não me arrependo. Muito pelo contrário, uma experiência sensacional. Tão sensacional que às vezes eu fico pensando porque será que eu voltei. Principalmente quando a gente vê o Brasil atual, dá muita tristeza.

Empresária morou na Suíça por seis anos.
Empresária morou na Suíça por seis anos.

Poços Já: A GSC começou como?

Gisele: Foi fundada em primeiro de março de 1989. Incrivelmente, ela surgiu como agência de publicidade. Nem tinha o nome de GSC Eventos Especiais. Tinha o nome de GSC Assessoria de Comunicação Empresarial. A gente foi pioneiro aqui em Poços. Na época que eu surgi houve um boom muito grande de agências de publicidade aqui em Poços. Era uma em cada esquina. Todo mundo era publicitário. Foi aquela época de febre, de coqueluche. Era publicitário um atrás do outro.

Resolvi abrir a GSC não impulsionada por esse boom, mas pela minha convicção de trabalhar nessa área, gostar e de ter também um pouco desse veio empreendedor. Para abrir um negócio, se você não tiver muita garra, muita vontade, muita determinação, não tiver muito afim de comer o pão que o diabo amassou, você não abre e não persiste. Essa é a verdade.

Poços Já: Você passou por muitas crises econômicas e está vivendo outra agora.

Gisele: Muitas crises. Mas eu sempre persisti muito e sempre acreditei muito na empresa. Uma coisa que eu acho que é muito importante, que eu sempre falo para a equipe, é que eu sempre respeitei muito a empresa. Ela é um ser, ela tem vida, ela tem coração. É um ser que tem vida própria. A gente tem que respeitar muito, primeiro, a empresa. Como um ser físico, mental, intelectual, biológico, que tem vida e que a gente tem que alimentar.

Eu sempre olhei por esse lado, nunca fui porra louca, de ficar fazendo dívida, de fazer as coisas de qualquer jeito. Sempre procurei gerir com muito cuidado, muito amor, muita atenção. Por isso que, nesses anos todos, nenhuma empresa de publicidade da minha época existe mais. Nenhuma.

Poços Já: Feira do Livro. Como começou?

Gisele: Feira do Livro foi um dos filhos que eu trouxe acalentados da Suíça. Essa ideia das feiras de livro no Brasil é relativamente recente. Eu sempre fui muito leitora e sempre gostei muito de cultura, principalmente a cultura literária, que me remete a toda essa questão da história, de biografia, de coisas do passado. Quando eu voltei para o Brasil, em 2003, eu vim acalentando na minha alma essa vontade de fazer.

Poços Já: Você voltou em 2003, mas a Feira começou em 2006.

Gisele: Depois de um tempo morando fora, voltar para o seu país, até você se reambientar leva um tempo. Até você começar a perceber novamente o contexto, o universo onde você está habitando. Muda muita coisa, apesar da gente achar que não.

Poços Já: A GSC também presta serviços?

Gisele: A GSC hoje é uma empresa também pioneira na área de prestação de serviços, organização e realização de eventos. Então, além desses eventos que são empreendidos pela nossa empresa, que são esses que eu listei, nós também prestamos serviços para clientes. Hoje a gente tem uma procura por organização de eventos bem interessante, porque a organização do evento em si também é uma coisa que requer técnica, conhecimento, informação. Felizmente, as entidades, mesmo as empresas, estão olhando essa questão do evento como um business mesmo, uma coisa que tem que ser feita com seriedade, com profissionalismo, com informação, com técnica.

Poços Já: Vocês também utilizam leis de incentivo para conseguir recursos?

Gisele: Começamos a trabalhar com leis de incentivo não faz muito tempo, não chega a dez anos. O Flipoços completou dez anos agora em 2015 e nos dois, três primeiros anos do Flipoços, a gente desconhecia mecanismos de leis de incentivo. Depois a gente acabou também entrando mais nesse mundo da cultura, nos relacionando mais. Hoje eu posso dizer que, graças a Deus, a gente conquistou uma credibilidade nessa questão cultural/literária dentro do Brasil. O Flipoços hoje é um evento muito conceituado, é um evento muito respeitado e muito conhecido nacionalmente. E, por conseguinte, eu acabei me tornando uma pessoa conhecida nesse meio. Eu tenho uma circulação muito tranquila dentro desse meio cultural, principalmente literário. Felizmente.

Poços Já: E captar recursos também é difícil.

Gisele: A hora que você começa a conquistar uma credibilidade começa a fazer com que as pessoas enxerguem a importância de investir em um projeto que realmente traz um resultado efetivo. Mas Lei de Incentivo não é garantia de nada, a princípio. É conseguir um primeiro passo junto ao órgão. Dali pra frente, o Minc (Ministério da Cultura) fala pra você: “Te vira, malandro”.

Poços Já: Recentemente, uma pesquisa concluiu que Poços tem o maior índice de leitura em Minas Gerais. Você acredita que a Flipoços contribui para isso?

Gisele: Com certeza, não tenho a menor dúvida. Acho que o Flipoços é o principal fator para isso. Muito embora tenham existido algumas politicas públicas na cidade, que vem vindo com algumas administrações. Essas políticas públicas que vieram com a administração de Navarro, Paulinho Courominas, agora do próprio PT, do Eloísio. Eu acho que essa questão a nível local tem um fator contribuinte nisso. Mas eu tenho absoluta certeza que o Flipoços é o principal fator de contribuição.

Não só porque é um evento de extrema importância, que caiu totalmente no gosto das pessoas, mas pela atmosfera literária da cidade. Quantos literatas passaram por aqui, quantos escritores nasceram, viveram, morreram. Ainda vivem. E depois, com o advento agora do Flipoços, a quantidade novos escritores que estão surgindo em Poços de Caldas é uma coisa louca, estimulados por esse momento importante que o Flipoços está despertando nas pessoas. Aquele vulcão adormecido está começando a despertar.

Gisele é formada em Relações Públicas, com especialização em administração.
Gisele é formada em Relações Públicas, com especialização em administração de empresas.

Poços Já: Estamos vendo que só tem mulheres trabalhando aqui.

Gisele: Cem porcento feminina, graças a Deus. Uma coisa que nunca aconteceu, nunca foi assim. Em 26 anos de GSC, é a primeira vez que a gente tem um time só de mulheres.

Poços Já: Então é coincidência.

Gisele: Coincidência, feliz coincidência. Já tive funcionários homens, sempre foi mesclado. Eu te falo que a diferença é grande. Aquela coisa da característica feminina de ser meio mãe, mais cuidadora, acho que essa característica empresarialmente é interessante. Lógico que tem os lados que a gente tem que administrar. Mulherada toda junta fala demais, ou fofoca demais, TPM tem todo mundo ao mesmo tempo, essas coisas que são também inerentes ao mundo feminino mas que a gente, como gestora, tem que saber administrar.

Poços Já: No começo da entrevista você disse que gosta de conhecer histórias de vida. Dessas histórias, o que há em comum com a sua vida?

Gisele: Eu acho que o que eu realizo já é um paralelo com essas coisas, de fazer alguma diferença, deixar alguma marca. Não que isso para mim seja importante, mas hoje eu vejo que o meu trabalho contribui para muita coisa. É um pouquinho do exemplo que eu sigo dessas grandes personalidades, as quais eu conheci através da literatura. E também pessoalmente, tendo sempre exemplos muito importantes na minha vida, principalmente na minha família. Meu pai é um homem que eu tenho profunda admiração, é um homem simplíssimo, o mais humilde que eu conheci, depois de Jesus Cristo. É um homem super humilde, nunca fez alarde com nada. Nunca vi ele falar mal de ninguém. Ele vai fazer 89 anos. Ele para mim é o maior exemplo. E as pessoas com as quais eu convivi, que eu conheci, e as pessoas que eu li, que eu soube, que eu busquei. Acho que é isso.



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