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Armas de Brinquedo

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As armas não são brinquedosNos idos dos anos sessenta e setenta, os filmes de cowboys americanos dominavam o cinema e a televisão. Várias séries apresentavam esses heróis que matavam índios impiedosamente e, também, duelavam entre si; destruindo-se sem dó nem piedade. A massacrante dominação cultural fazia com que nós, as crianças da época, sonhássemos em ser um xerife justiceiro e rápido no gatilho.

Por isso, nos aniversários e natais de então, almejávamos receber de presente as armas preferidas dos nossos heróis da televisão e do cinema. Revólveres brilhantes, capazes de disparar tiros de espoleta e apavorar os índios e bandidos mascarados criados pela nossa imaginação. E a nossa violência parava por aí, na nossa imaginação.

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Pois bem, segunda-feira da semana anterior, logo de manhãzinha, eu fui surpreendido por uma notícia muito interessante. No primeiro jornal televisivo do dia, por volta de cinco e trinta da manhã, fiquei sabendo que o governo do Distrito Federal proibiu a comercialização de armas de brinquedo no comércio local.

É uma notícia boa, apesar de hipócrita, diante do crescimento vertiginoso da violência. Algumas armas de brinquedo fabricadas nos dias de hoje são tão parecidas com armas de verdade que até são usadas para assaltos. Assim sendo, usadas com esse propósito, deixam de ser armas de brinquedo e passam a ter a mesma  função das verdadeiras: ameaçar a vida humana.

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Mas este não é o ponto mais importante da notícia. Um fato recente, acontecido em São Paulo, quando um garoto de doze anos, filho de policiais, matou toda a família a tiros e se suicidou, é um exemplo acabado de como o convívio contínuo e irresponsável com armas pode acabar de forma trágica.

Segundo o famoso psiquiatra forense que analisou as ações do garoto, ele era portador de um distúrbio mental que o fazia misturar realidade e ficção. Isso foi agravado pelo uso constante de jogos de videogame violentos que, segundo especialistas, também contribuem grandemente para a banalização da violência.

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O que há de mais relevante, é o fato de que as armas de brinquedo colaboram igualmente para a vulgarização dos atos violentos. Crianças que as usam nas brincadeiras podem crescer misturando alhos e bugalhos. Basta para isso acrescentar um ingrediente banal e, ao mesmo tempo, fatal: o uso de drogas.

Dependendo das condições em que vive, influenciado pelas suas necessidades imediatas ou pelas frustrações acumuladas, o jovem pode migrar do uso de armas de brinquedo para armas de verdade achando que é tudo a mesma coisa, ou seja, uma grande brincadeira.

Mas a proibição da venda não é caminho. O caminho, com certeza, é a proibição da fabricação de armas de brinquedo e, especialmente, de armas de verdade. O Brasil é hoje o quarto maior exportador mundial de armas leves ou armas portáteis. E os números sobre a quantidade de armas fabricadas no país são nebulosos.

Não se divulgam números precisos e a desinformação é a tônica dominante no setor, considerado de importância estratégica pelos meios militares. E assim, não dá para saber qual o total de armas fabricadas no país anualmente, nem a quantidade importada.

Mas uma coisa é certa: se o Brasil é o quarto maior exportador, certamente é um dos maiores produtores mundiais de armas leves. E sem um controle efetivo da quantidade fabricada, é de se supor que não haja controle sobre o número de armas comercializadas internamente.

Em virtude desses fatos, é uma grande hipocrisia proibir somente a venda de armas de brinquedo. Deve-se proibir principalmente a fabricação e a importação de armas de brinquedo e de verdade. Só assim teremos certeza que este país respeita a paz dos seus cidadãos e o futuro de seus jovens.

Não podemos esquecer que o Estado é um dos maiores culpados pela violência, em razão do abandono de comunidades carentes e a ausência de serviços essenciais em setores preponderantes. Por exemplo, a educação de qualidade, em tempo integral, certamente resolveria grande parte dos problemas de violência.

Mas o que é que podemos esperar de um Estado que, contribuindo de forma definitiva para a violência, espanca e atira nos seus professores?

*O autor é engenheiro florestal.

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